Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 1

Revista: Edição 1 | Ano: 2023 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
Inquérito Malacológico para Identificação da Transmissão da Esquistossomose em Comunidade Quilombola de Pernambuco
Bolsista: Mayra Vieira Ferreira
Orientador(a): CONSTANCA CLARA GAYOSO SIMOES BARBOSA
Resumo: Nas áreas rurais de Pernambuco, as doenças parasitárias são prevalentes em locais com baixa cobertura de saneamento onde a esquistossomose é transmitida pela contaminação fecal das coleções hídricas especialmente em localidades situadas em territórios desprovidos de atenção em saúde. As comunidades quilombolas mantêm forte vínculo com o meio ambiente estando situadas em áreas rurais distantes, o que dificulta o acesso aos serviços de saúde, condicionando a manutenção de doenças. Pernambuco não tem estudos relacionados a parasitoses nas 149 Comunidades de Quilombos (CRQs) registradas pela Fundação Cultural de Palmares (2022). Assim, este estudo se justifica pela importância de se desvendar a epidemiologia de doenças parasitárias, em ambientes insalubres a exemplo da comunidade quilombola de Trigueiros, situada no município de Vicência, considerada vulnerável por apresentar condições de saneamento insuficientes e precariedade no acesso a saúde. Objetivo Geral: Avaliar as condições biológicas, ambientais e sanitárias relacionadas a transmissão da esquistossomose e geo-helmintoses na comunidade quilombola Trigueiros, Vicência, Pernambuco. Objetivos específicos e metodologias 1. Identificar e mapear as coleções hídricas locais. Será realizado o mapeamento georreferenciado da localidade através de receptor GPS cujos dados serão ajustados através do software TrackMaker e os arquivos (mapa da localidade, distribuição de casos, criadouros e focos) salvos para a análise espacial dos dados pelo software QGis 3.16 e posterior confecção dos mapas temáticos. 2. Realizar inquérito malacológico para verificar a positividade para S. mansoni nos vetores Biomphalaria e identificar focos de transmissão. Será realizada busca ativa de moluscos vetores nas coleções hídricas locais pela técnica Olivier; Schneiderman (1956). Os caramujos serão transportados ao laboratório para (1) identificação da espécie através da Técnica de Dissecção da genitália; (2) exame pela técnica de exposição à luz para a eliminação de cercárias de S. mansoni e (3) exame de diagnóstico molecular para detectar a presença do DNA do S. mansoni nos moluscos. 3. Realizar inquérito parasitológico para diagnosticar a prevalência da esquistossomose e Geo-helmintoses na comunidade do estudo. Será realizado um inquérito censitário coproscópico com cadastramento dos indivíduos da comunidade. O diagnóstico parasitológico das fezes será feito pelo método Kato-Katz que permite quantificar a carga parasitária dos indivíduos doentes e diagnosticar outros helmintos além do Schistosoma. 4. Análise dos dados. As análises estatísticas descritivas (média, desvio padrão, distribuição das frequências) relacionadas aos casos serão feitas através do software EpiInfo. As análises espaciais serão realizadas no software QGis 3.16 pelo estimador de intensidade kernel para construção de mapas mostrando a distribuição espacial das parasitoses, os focos de esquistossomose e os ambientes de risco para a transmissão.
Seleção de bactérias da microbiota de Aedes aegypti para modificação genética através da aplicação do sistema CRISPR/Cas9
Bolsista: GABRIELA MORESCHI DE ALMEIDA
Orientador(a): MARIANA ROCHA DAVID
Resumo: Uma vez que ainda não há vacinas amplamente disponíveis contra arbovírus que acometem po-pulações humanas, a principal maneira de evitar a sua transmissão é controlar os mosquitos vetores. As epidemias recentes de dengue, Zika e chikungunya demonstram que os métodos tradicionais de controle de Aedes aegypti, eliminação de criadouros larvares e uso de inseticidas, apresentam efetividade limitada. Deste modo, é urgente o desenvolvimento de novas metodologias para reduzir a transmissão destes patógenos. Neste cenário, a exploração da capacidade inata de alguns simbiontes para limitar a competência vetorial de mosquitos a arbovírus ou a modificação genética destes microrganismos para expressar moléculas capazes de produzir tal efeito (paratransgênese) surgem como uma alternativa. Nos últimos anos, a microbiota intestinal de Ae. aegypti foi identificada através de metodologias dependentes e independentes do cultivo bacteriano e seu efeitos na fisiologia e competência vetorial deste mosquito foram descritos, indicando possíveis bactérias candidatas à aplicação na redução da transmissão de arbovírus, como Asaia, Chromobacterium, Proteus e Paenibacillus. Neste sentido, ainda é necessário caracterizar a interação microbiota-hospedeiro para estes e outros simbiontes intestinais de Ae. aegypti, desvendando meios de aquisição e transmissão horizontal/vertical, localização em tecidos do hospedeiro, capacidade de espalhamento em populações do vetor, fatores genéticos essenciais para a colonização do hospedeiro e receptividade à manipulação genética. Recentemente, um estudo demonstrou que o sistema CRISPR/Cas9 pode ser aplicado para modificar geneticamente simbiontes intestinais de Aedes com o intuito de investigar as relações microbiota-hospedeiro. Assim, a integração de genes de marcação fluorescente nestes simbiontes pode revelar padrões de colonização de tecidos e transmissão vertical e horizontal. Além disso, a possibilidade de deletar e integrar genes em bactérias da microbiota sem comprometer o seu fitness é essencial para o desenvolvimento de abordagens de paratrangênese. Assim, este subprojeto tem como objetivos (a) realizar uma revisão bibliográfica acerca da competência vetorial de populações brasileiras de Ae. aegypti ao dengue e (b) selecionar e caracterizar geneticamente simbiontes intestinais de Ae. aegypti para futura aplicação do sistema CRISPR/Cas9, visando o estudo das relações hospedeiro-microbiota neste vetor. Para tal, Aedes aegypti adultos serão coletados com aspiradores no Rio de Janeiro. Após agrupados por ponto e data de coleta, fêmeas terão a superfície externa esterilizada em etanol 70% e lavada em tampão fosfato salino estéril (PBS). O intestino médio será removido e macerado em PBS. Cada amostra será diluída serialmente e plaqueada em meio de cultura LB-agar e Triptona de Soja Agar (TS-agar) em temperatura ambiente (~28ºC). Nas 72 h seguintes, as colônias bacterianas serão preservadas a -70ºC. O DNA das bactérias isoladas será extraído para amplificação e sequenciamento (Sanger) do gene 16S rRNA (>1000 pb) utilizando iniciadores universais para identificação taxonômica no programa Ribossomal Data Pro-ject Classifier. Será selecionada ao menos uma bactéria candidata, de gêneros frequentemente encontrados na microbiota de Ae. aegypti, a qual terá o genoma sequenciado em Illumina MiSeq (2x250bp paired-end). A montagem e anotação do genoma será feita utilizando o MIRA versão 4.0 e o pipeline RAST, respectivamente, seguidas por curadoria manual. A partir destes dados serão selecionados genes conservados para nocaute e regiões intergênicas para inserção de genes de marcação fluorescente via CRISPR/Cas9.
Metabolômica como estratégia para o controle de qualidade e desenvolvimento de fitoterápicos
Bolsista: BEATRIZ NASCIMENTO DE ARAUJO
Orientador(a): Erika Martins de Carvalho
Resumo: A Metabolômica que visa identificar e quantificar substâncias de baixo peso molecular (<1.500 Da), tem sido amplamente empregada em estudos para o controle de qualidade de plantas, fenotipagem metabólica e os efeitos farmacológicos dos fitoterápicos (HONG, 2016). Os estudos metabolômicos podem ser dirigidos de modo seletivo (metabolômica alvo) ou não seletivo (metabolômica global). No caso das análises seletivas, a atenção enfoca a caracterização de uma classe de metabólitos (‘target compounds’), ou em um composto específico que permite um aumento na sensibilidade e, normalmente, atentando para a quantificação do(s) analito(s). No modo não seletivo observa-se simultaneamente o maior número de substâncias na amostra visando gerar perfis metabólicos (‘metabolic profiles’) ou padrões metabólicos (‘metabolic fingerprints’) característicos de um dado fenótipo. O objetivo central desta estratégia é afiançar que os componentes bioativos representativos estejam presentes de forma consistente e uniformizada conferindo ao produto qualidade e por conseguinte eficácia e segurança. Para alcançar estes objetivos tanto estudos metabolômicos seletivos e não seletivos combinando diferentes técnicas analíticas, como RMN e CL-EM / CG-EM são utilizados para garantir melhor cobertura metabólica e consequentemente, controle de qualidade, processamento e fabricação dos mesmos. O gênero Eugenia sp., pertencente à família Myrtaceae, é largamente empregado na medicina popular, em especial para o trato de infecções gastrointestinais. Na literatura científica há estudos que mostram uma ampla atividade biológica como atividade anti-inflamatória, antibacteriana, antioxidante, antitumoral, antiviral entre outros. Estas atividades biológicas, geralmente, são atribuídas à presença de ácidos triterpênicos. Nas espécies de Eugenia são normalmente descritas a presença dos ácidos betulínico, ursólico e oleanólico. O objetivo deste trabalho foi avaliar de forma geral a porção triterpênica (‘target compounds’) dos extratos metanólicos preparados a partir das folhas das espécies Eugenia punicifolia (Kunth) DC., Eugenia brasiliensis Lam. e Eugenia florida DC., em diferentes estações do ano. A coleta das folhas das E. brasiliensis e E. florida foi realizada em espécies localizadas no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e as folhas de E. punicifolia na Universidade Federal do Amazonas. Todo material coletado, seguiu o mesmo protocolo de limpeza e higienização seguido de pesagem e secagem em estufa a aproximadamente 40ºC. As folhas foram trituradas em moinho de facas e submetidas a extração por maceração em etanol por 7 dias. Na prospecção fitoquímica foi identificada a presença de ácidos triterpênicos, taninos e ácidos fenólicos. A quantificação dos ácidos triterpênicos realizada por HPLC-DAD evidenciou uma variação na composição de ácidos triterpênicos entre as espécies e estações do ano. Foi identificada a presença de ácido barbinérvico nas três espécies de Eugenia. Este é o primeiro relato da presença de quantidades significativas do ácido barbinérvico na espécie de E. brasiliensis.
Localização da desacetilase TgHDAC5 em Toxoplasma gondii utilizando técnicas de etiquetamento da proteína endógena.
Bolsista: RAFAELA CAROLINE LECHTCHECHEN BALDUINO
Orientador(a): SHEILA CRISTINA NARDELLI
Resumo: O Toxoplasma gondii é o agente etiológico da toxoplasmose, uma doença cosmopolita e negligenciada que atinge cerca de ¼ da população mundial, sendo considerada a infecção parasitária mais comum em humanos. No Brasil, essa doença varia de 20-60%, de incidência, dependendo da região, das condições socioeconômicas e culturais. Vale destacar ainda, que no Brasil, os pacientes desenvolvem sintomas mais severos comparados aos indivíduos do Hemisfério Norte, provavelmente devido a uma maior variabilidade genética e maior virulência dos isolados brasileitos. A toxoplasmose é extremamente perigosa quando adquirida durante a gravidez, ou em pacientes imunocomprometidos, podendo resultar em danos severos como malformações congênitas e encefalia. Embora considerada geralmente assintomática em pacientes imunocompetentes, a doença em sua fase crônica tem sido recentemente associada a alterações neurológicas e comportamentais, ressaltando a importância de identificar alvos para o tratamento mais eficiente da toxoplasmose. Nesse contexto, a pesquisa básica focada em componentes essenciais a sobrevivência do parasita, poderia contribuir não somente na compreensão da biologia do parasita, mas também resultar em tratamentos e diagnósticos mais eficientes. Nosso grupo tem focado no estudo das desacetilases de histonas, pelo papel dessas enzimas no silenciamento de genes essenciais para diversos processos do parasita, como virulência, diferenciação e proliferação. As HDACs apresentam uma forte correlação com diversas doenças, incluindo câncer e doenças degenerativas, como Alzheimer. De modo geral, células cancerígenas apresentam alta expressão de HDACs comparadas a células normais e diversos inibidores para essas proteínas têm sido testados com sucesso como tratamento alternativo a quimioterapia tradicional, afetando a proliferação celular, angiogênese, diferenciação e apoptose celular. Em parasitas Apicomplexa, a associação entre HDACs e as doenças por eles causadas foi obtida mais recentemente com a identificação de HDACs como alvo de dois compostos anti-protozoário, apicidina e FR235222, colocando os fatores epigenéticos no centro da busca por alvos quimioterápicos. Toxoplasma possui sete HDACs, com sequencias únicas a alguns membros do filo Apicomplexa. Esse dado ressalta a importância do estudo dessas enzimas, com alto potencial quimioterápico. Toxoplasma é um modelo de estudo que possui diversas ferramentas de genética reversa disponíveis e constantemente aprimoradas, incluindo a manipulação gênica via CRISPR-Cas9 e diversas metodologias para obtenção do nocaute, mesmo no caso de genes essenciais, e tem sido utilizadas com sucesso pelo nosso grupo. Além da manipulação genética, a manutenção e a diferenciação do parasita são relativamente triviais. Dados preliminares obtidos por nosso grupo, revelaram que TgHDAC4 é específica de parasitas Apicomplexa e está localizada no apicoplasto, considerada o “calcanhar de Aquiles” do Toxoplasma. Visto que o apicoplasto apresenta um genoma próprio, é provável que essa HDAC4 atua na manutenção do genoma dessa organela. Esse dado é particularmente interessante, considerando que essa organela é essencial a sobrevivência do parasita. Por outro lado, a TgHDAC2 parece atuar na replicação do DNA, uma vez que parasitas nocaute tem um problema na progressão da fase S, em comparação com o controle, o que resulta em problemas na proliferação e principalmente na virulência dos parasitas nocaute, que resulta em três vezes menos infecção in vitro. Esse projeto visa expandir a caracterização funcional para aTgHDAC5, obtendo seu etiquetamento para obtenção da localização celular. Das HDACs caracterizadas até o momento, apenas a TgHDAC3 está localizada no núcleo, e está envolvida com a regulação da expressão gênica durante a transição das formas taquizoítas para bradizoítas. Acreditamos que a identificação de outras HDACs nucleares podem auxiliar a desvendar o processo de regulação nesse parasita, proporcionando novas perspectivas e sem dúvida, auxiliando na identificação de novos alvos para terapia contra Toxoplasmose, doença de intensa relevância para Saúde Pública no Brasil.
Vacinas de DNA contra SARS-CoV-2 baseadas na proteína S
Bolsista: ANDERSON PAULINO DE ARAUJO
Orientador(a): ADA MARIA DE BARCELOS ALVES
Resumo: A COVID-19 é causada pelo Coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2 (SARS-CoV-2) que levou à pandemia iniciada em 2020. Até o momento foram confirmados 762 milhões de casos com quase 7 milhões de óbitos. O SARS-CoV2 é um vírus de RNA, fita simples e polaridade positiva, cuja partícula viral é constituída de quatro proteínas estruturais: espícula (S), membrana (M), envelope (E) e nucleoproteína (N). A proteína S contém duas subunidades, S1 e S2, sendo que a subunidade S1 contém o domínio de ligação ao receptor (RBD). O RBD interage com receptores presentes na superfície de células humanas, principalmente o receptor ACE2, o que permite a entrada do vírus nestas células. Sendo assim, anticorpos contra a proteína S podem ser neutralizantes, bloqueando a internalização do SARS-CoV2 pelas células hospedeiras e, consequentemente a infecção de novas células. Algumas vacinas contra COVID-19 vêm sendo administradas no mundo, utilizando vírus inativado, RNA ou adenovírus recombinantes, estas duas últimas baseadas na proteína S. No Brasil estão sendo administradas as vacinas Coronavac (Sinovac/Instituto Butantan), que é constituída de SARS-CoV-2 inativado; a ChAdOx1 nCoV-19 (AstraZeneca/Fiocruz), que é baseada em adenovírus de chimpanzé expressando a proteína S de SARS-CoV-2; a Ad26.COV2.S (Janssen Pharmaceutical/Johnson & Johnson), constituída do adenovírus recombinante humano Ad26 expressando a proteína S; e a vacina ComiRNAty (Pfizer/BioNTech), constituída do mRNA que codifica a proteína S. Essas vacinas foram construídas visando prioritariamente a produção de anticorpos neutralizantes (AcN) contra a S. Entretanto, investigações posteriores revelaram o papel também importante da resposta imune celular na proteção e na manutenção de uma resposta duradoura. Alguns estudos vêm demonstrando que a vacina de RNA induz respostas protetoras, com produção de anticorpos neutralizantes e ativação de uma resposta celular robusta. Entretanto, estas vacinas apresentam maior custo de produção e necessitam de estocagem a baixas temperaturas. Neste contexto, as vacinas de DNA representam uma opção vantajosa, pois ativam respostas imunes semelhantes às de RNA, porém são mais baratas e podem ser estocadas à temperatura ambiente. As vacinas de DNA são plasmídeos de expressão em células eucariotas, contendo um ou mais genes de interesse. Após a inoculação da vacina, as células do hospedeiro são transfectadas com os plasmídeos e o RNA mensageiro é transcrito e as proteínas recombinantes então traduzidas. Alguns estudos com vacinas de DNA contra COVID-19 foram reportados e, recentemente, foi aprovada a primeira vacina de DNA para uso em humanos, justamente contra o SARS-CoV2. Entretanto, ainda existem algumas lacunas neste campo de estudo, como por exemplo a utilização de diferentes peptídeos sinais, mutações e outros elementos que podem influenciar na expressão proteica e na magnitude da resposta imune. Vale ressaltar que o grupo trabalha com vacinas de DNA contra outros vírus há muitos anos, em particular contra os vírus Dengue e Zika. Mostramos que duas vacinas de DNA contra dengue geraram altos níveis de proteção em camundongos desafiados com doses letais de Dengue. Também observamos o efeito sinérgico de imunizações combinadas de uma destas vacinas e outra baseada em vírus quimérico Febre Amarela/Dengue na resposta de AcN, com a indução da resposta imune celular primordialmente pela vacina de DNA. Este trabalho gerou patente no Brasil e no exterior. Sendo assim, pretendemos avaliar diferentes vacinas de DNA contra SARS-CoV2 baseadas na proteína S, contendo o seu peptídeo sinal natural ou um peptídeo heterólogo e utilizando a sequência que codifica a proteína completa ou fragmentos desta. Estas construções foram inicialmente avaliadas in vitro quanto à eficiência da expressão das proteínas recombinantes, em cultura de células transfectadas. Posteriormente, as melhores construções serão testadas in vivo.
Data Mining para gerenciamento da judicialização em saúde no território: geoterritorialização das decisões judiciais em casos de câncer.
Bolsista: SAMUEL DE SOUSA FERREIRA
Orientador(a): MARIA CRISTINA SOARES GUIMARAES
Resumo: A proposta aqui apresentada visa aprimorar e ampliar a estruturação da pesquisa sobre formação de bases de dados sobre judicialização da saúde e está orientado para a construção e disponibilização de bancos de dados mais acurados, sobre a judicialização da saúde em câncer. Parte desse esforço já se encontra organizado, tratado e disponível no período de 2015 a 2021, para o Estado do Rio de Janeiro, dentro de uma infraestrutura de informação batizada de JUDJe (www.judje.link ), cujos projetos de iniciação cientifica anteriores deram apoio e suporte a parte do seu desenvolvimento. Nas fases anteriores, o trabalho centrou-se na montagem de banco de dados sobre processos judiciais em saúde, com estruturação, reconhecimento e montagem de categorias classificadoras das ações em câncer, a fim de coletar os dados dos DJe (Diários de justiça eletrônico), capturando as movimentações judiciais de forma automatizada. Na segunda fase, o foco da pesquisa esteve na análise e desenvolvimento descritores e termos mais adequados e aderentes para recuperação da informação (RI), o que conduziria ao processo de KD (knowledge discovery): identificação das movimentações judiciais em câncer, juntamente com suas características definidoras. Uma vez coletados os DJe, o trabalho focou-se em encontrar dados de saúde em câncer e registros de processos judiciais de saúde, fazendo uso de ontologias e descritores específicos, tanto categóricos como os derivados de análises morfossintática e semântica. Na presente fase, o objetivo é capturar os dados de judicialização da saúde a partir dos contextos de ocorrência, com ênfase está na pesquisa e no estudo dos dados geoterritorializados. De fato, dentre os inúmeros problemas que os dados judiciais possuem, um deles é o da geoterritorialização. Não se sabe, na atualidade, a relação entre as ocorrências dos processos e as ocorrências dos serviços requisitados nas ações judiciais, e quais as consequências desse fluxo no território. Identificada essa relação, a expectativa é que seja possível gerar bancos de dados infra estruturais, triangulando a ocorrência do litígio com a oferta de serviços de saúde no território, algo ainda inédito nos tipos de bancos abertos sobre o tema. Se exitosa, tal metodologia de geoterritorialização dos litígios em saúde poderá ampliar as dimensões de análises sobre a judicialização da saúde. Assim, a expectativa é que o resultado da pesquisa poderá prover alguns indícios do como os processos de adoecimento estão relacionados ao território (quer seja por limitação de acesso, quer seja por ausência de assistência adequada, dentre inúmeros outros fatores), particularmente aqueles territórios vinculados às regiões de saúde.
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