Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 1

Revista: Edição 1 | Ano: 2023 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
Avaliação e validação do potencial diagnóstico de poliantígenos para detecção do Trypanosoma cruzi em cães
Bolsista: DENIS AUGUSTO ARGOLO CAMPOS
Orientador(a): FRED LUCIANO NEVES SANTOS
Resumo: INTRODUÇÃO: Os cães são considerados reservatórios de importância epidemiológica para a doença de Chagas devido ao seu papel de sentinela, proximidade com os seres humanos e manutenção do ciclo de transmissão em ambientes domésticos e peridomésticos. Além disso, destaca-se a correlação existente com a soroprevalência em humanos. Mesmo com o impacto epidemiológico, a ausência de testes diagnósticos para a detecção de cães infectados é um importante entrave que traz riscos à saúde pública. Uma estratégia para ultrapassar esta limitação baseia-se na utilização de antígenos recombinates quiméricos do Trypanosoma cruzi. Nosso grupo, em um estudo de fase I, avaliou o potencial diagnóstico de quatro antígenos quiméricos e obteve resultados semelhantes aos encontrados em humanos. Desta forma, este estudo sucede ao de fase I, com um quantitativo amostral ampliado afim de avaliar os quatro antígenos quiméricos na detecção da infecção por T. cruzi por meio do ELISA indireto. OBJETIVO: Avaliar o desempenho diagnóstico dos antígenos recombinantes quiméricos do T. cruzi (IBMP-8.1, -8.2, -8.3 e -8.4) em imunoensaios para detecção de anticorpos IgG anti-T. cruzi em cães na forma crônica da doença de Chagas. MATERIAL E MÉTODOS: Os imunoensaios foram otimizados por checkerboard titration. Para o estudo de fase II foi avaliado o desempenho diagnóstico das IBMP a partir de 1.260 amostras séricas caninas provenientes de diferentes estados brasileiros. A reatividade cruzada para outras doenças infecto-parasitárias também foi avaliada em 752 amostras. Ao final, comparou-se o desempenho dos quatro antígenos com teste comercial humano adaptado à espécie canina. RESULTADOS: Os antígenos IBMP alcançaram valores de AUC que variaram entre 89,0-97,4%. O nível de exatidão variou de 87,8-96%. O maior índice de sensibilidade foi atribuído a IBMP-8.2 (90,3%), enquanto a IBMP-8.1, a IBMP-8.3 e a IBMP-8.4 obtiveram 74,8%, 72,6% e 79,6%, respectivamente. A maior especificidade encontrada foi para a IBMP-8.4 (99,6%), seguida pela IBMP-8.1 (90,6%), IBMP-8.2 (96,5%) e IBMP-8.3 (99,0%). O teste comercial adaptado, o Gold Elisa Chagas, apresentou sensibilidade de 62,3%, especificidade de 98,6% e acurácia de 89,9%. O menor índice de reatividade cruzada foi alcançado com a IBMP-8.2 com 0,9%, sendo esta molécula a que mais se aproximou de um teste ideal. CONCLUSÃO: Devido ao bom desempenho das moléculas IBMP no diagnóstico da infecção por T. cruzi em cães, estas são promissoras para a identificação da doença de Chagas canina. A utilização combinada destes antígenos é uma alternativa que visa aumentar os valores de sensibilidade e especificidade em estudos futuros, bem como em outras plataformas diagnósticas.
Efeito do tratamento in vitro com nanopartículas de óxido de ferro na polarização de macrófagos associados a células derivadas de neoplasias mamárias
Bolsista: JULIA GALLO CARVALHO
Orientador(a): Erica Alessandra Rocha Alves
Resumo: O câncer de mama é o tipo de câncer que possui a maior incidência e a maior mortalidade na população feminina em todo o mundo. Atualmente, a cirurgia, quimioterapia e/ou radioterapia são os tratamentos mais eficazes contra este tipo de câncer. Entretanto, o tratamento ainda é um desafio devido aos inúmeros efeitos colaterais e a eficiência limitada das terapias tradicionais, que diminuem a qualidade de vida dos pacientes. Por isso há grande interesse em novas alternativas terapêuticas que promovam de forma segura, a destruição das células neoplásicas sem que haja comprometimento da qualidade de vida dos pacientes. Dentro do componente celular do microambiente tumoral, os macrófagos associados a tumores (TAMs) tem despertado grande interesse. Estudos recentes afirmam que nanopartículas de óxido de ferro estimulam a reprogramação dos TAMs fazendo com que percam sua função promotora de tumores e adquiram funções supressoras de tumores. Dessa forma, este projeto visa avaliar o efeito do tratamento com nanopartículas maghemita encapsuladas com polianilina na polarização de TAMs associados às células derivadas de neoplasias mamárias. Inicialmente, as nanopartículas produzidas foram autoclavadas para utilização nos experimentos in vitro, porém como havia a possibilidade deste processo alterar a estrutura, composição e propriedades das nanopartículas, as seguintes análises foram realizadas: a) avaliação da esterilidade das nanopartículas; b) avaliação da influência do processo de autoclavagem na citotoxicidade das nanopartículas; c) avaliação da influência do processo de autoclavagem na extração e purificação de gDNA; e d) quantificação dos níveis de endotoxinas nas nanopartículas. Os resultados dos ensaios mencionados mostraram que não houve crescimento microbiano nas nanopartículas após a autoclavagem. Além disso, as nanopartículas autoclavadas não apresentaram citotoxicidade, mantiveram a propriedade de captura de DNA genômico e não possuíam níveis significativos de endotoxinas. Para o estudo in vitro, foram adquiridas 4 linhagens tumorais de mama derivadas de seres humanos (MCF-7, MDA-MB-231, SkBr3, BT474) e uma linhagem de monócito humano (THP-1). As linhagens foram expandidas e criopreservadas de acordo com as especificações do Banco de células do Rio de Janeiro. Em seguida, foi realizada a adaptação de todas as linhagens para o meio de cultura DMEM com 10% de soro fetal bovino e antibióticos. Após a obtenção do banco de células, realizou-se a determinação da concentração máxima não citotóxica (Cmaxnt) de nanopartículas para as linhagens tumorais de mama e para as células THP-1. Para isso, as células foram incubadas com concentrações crescentes de nanopartículas de óxido de ferro (0-9mg/mL) por 24 horas. Em seguida realizou-se o ensaio do MTT e verificou-se que a Cmaxnt foi de 1,5 mg/mL para as células MDA-MB-231, SkBr3 e BT474, de 3 mg/mL para as células MCF-7 e de 0,06 mg/mL para as células THP-1. Em seguida, células THP-1 foram co-incubadas com células MCF-7 em um sistema transwell com membrana de 0,4 µm. As células THP-1 foram posicionadas na câmara superior e as células tumorais na câmara inferior. As nanopartículas foram depositadas na câmara superior sobre os macrófagos na concentração de 0,06 mg/mL. Após 24 e 48 horas de incubação, o sobrenadante da cultura foi utilizado para dosagem dos níveis das citocinas pelo kit CBA Human Inflammatory Cytokines Kit (BD Biosciences) e as células tumorais foram marcadas com o kit CellEvent™ Caspase-3/7 Green Flow Cytometry Assay Kit (Invitrogen) e com o reagente SYTOX® AADvanced dead cell Stain e analisadas por citometria fluxo. Verificou-se que o tratamento com nanopartículas de óxido de ferro aumentou a capacidade das células THP-1 induzirem a morte por apoptose das células MCF-7. Esse aumento da destruição das células tumorais não foi associado com alterações na produção das citocinas IL-1?, IL-6, IL-8, IL-12p70, TNF-alfa e IL-10. Pretende-se ainda investigar se tal elevação dos níveis de apoptose das células MCF-7 relaciona-se com alterações nos padrões de expressão gênica dos macrófagos expostos as nanopartículas, bem como com alterações nos níveis intracelulares de ROS e de estresse oxidativo nos sobrenadantes das co-culturas. Os mesmos ensaios executados com as células MCF-7 ainda serão realizados com as células MDA-MB-231. Além disso, também serão mensurados o recrutamento das células THP-1 utilizando as duas linhagens de câncer de mama.
Análise da participação de proteínas da família RhoGTPases na ativação de quinase de adesão focal (FAK) durante invasão do Trypanosoma cruzi em células hospedeiras
Bolsista: Mariana Oliveira da Cunha
Orientador(a): TATIANA GALVAO DE MELO DE OLIVEIRA
Resumo: A ativação da proteína quinase de adesão focal (FAK), já foi demonstrada no processo de invasão do Trypanosoma cruzi (Clone Dm28c) em células musculares cardíacas. A participação de FAK no remodelamento do citoesqueleto de actina, tem apontado essa molécula como relevante em diversos processos biológicos, além de invasão por diferentes patógenos levando a ativação de diferentes vias de sinalização envolvidas com a dinâmica do citoesqueleto. Neste projeto, enfocaremos na avaliação da participação de proteínas da família de RhoGTPases, importantes na modulação dos diferentes perfis de remodelamento dos filamentos de actina, concomitante a ativação de FAK durante invasão do T. cruzi em células hospedeiras. Acreditamos que o mapeamento das moléculas envolvidas no disparo da ativação de FAK possa contribuir para o melhor entendimento deste mecanismo de invasão contribuindo com informações relevantes na biologia da interação do T. cruzi e células hospedeiras
Estudo das Internações de Idosos por Condições Sensíveis à Atenção Primária (ICSAP)
Bolsista: Nathália Andrade Cotta de Mello Araújo
Orientador(a): Dalia Elena Romero Montilla
Resumo: Introdução: as internações hospitalares consideradas evitáveis, por meio de uma assistência oportuna e adequada da atenção primária, representam um importante marcador de resultado da qualidade dos cuidados de saúde nesse nível de atenção. Na Portaria 221 (17 de abril de 2008) definiu-se que o Indicador de Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária (ICSAP) seja utilizado como instrumento de avaliação da atenção primária e/ou da utilização da atenção hospitalar, podendo ser aplicada para avaliar o desempenho do sistema de Saúde nos âmbitos Nacional, Estadual e Municipal. Estudos realizados em outros países, especialmente na Espanha, mostram a relevância desse indicador para a população idosa. No Brasil, ainda não se dispõem desse tipo de estudos que considerem as particularidades das internações de idosos, apesar de sua intensa transição epidemiológica e do seu acelerado processo de envelhecimento populacional. Isto dificulta a comparação das possíveis desvantagens em relação à outros países vizinhos no âmbito da expectativa de vida, e mais ainda quando comparado com países desenvolvidos como o Japão. Neste trabalho compara-se Rio de Janeiro com Minas Gerais, por ser o primeiro o estado com maior índice de envelhecimento (perdendo apenas para o Rio Grande do Sul) enquanto Minas Gerais tem maior desenvolvimento da atenção básica para atenção da saúde dos idosos. Objetivo Geral: analisar as Internações dos Idosos por Condições Sensíveis à Atenção Primária (CSAP) como estratégia de avaliação da atenção primária, tal como a Estratégia de Saúde da Família oferecida pelo SUS; analisar a relação entre a cobertura dos programas de atenção básica e o nível de ICSAP assim como suas desigualdades sócio-regionais e demográficas. Método: O desenho do estudo é retrospectivo, e abrange as internações de idosos residentes no estado do Rio de Janeiro e no estado de Minas Gerais do ano 2000 a 2010 por alguma CSAP, nos hospitais e clínicas conveniadas com o Sistema Único de Saúde. A população do estudo será constituída pelo universo completo de tais internações, de ambos os sexos. A fonte de informação dos dados de internações é o Sistema de Informação Hospitalar do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS), os censos demográficos de 2000 e 2010 são as fontes de informação dos dados demográficos e socioeconômicos. As internações serão analisadas regionalmente para que dessa forma seja possível avaliar a atenção primária oferecida aos idosos residentes em cada região de saúde dos estados analisados. Metas: contribuir para identificação do impacto da atenção básica em saúde do idoso nas condições da saúde dos mesmos. Espera-se que com essa análise seja possível oferecer um indicador de monitoramento e avaliação da eficiência dos serviços de atenção primária dos idosos.
Identificação de fatores de virulência e genes de resistência a antibióticos em bactérias do gênero Serratia através da genômica populacional, bioinformática e ciência de dados
Bolsista: RAQUEL COSTA NEIA
Orientador(a): FABIO FARIA DA MOTA
Resumo: Serratia são bactérias gram-negativas que pertencem à família Yersiniaceae. Elas são encontradas associadas a uma ampla variedade de ambientes, como água, solo, plantas, insetos e animais vertebrados, podendo causar infecções nesses últimos. Enquanto, a frequência de infecções em humanos saudáveis pela principal espécie, S. marcescens, ainda é relativamente baixa, pacientes hospitalizados são mais acometidos. Logo, S. marcescens caracteriza-se como um patógeno oportunista, principalmente associado a infecções hospitalares, que pode infectar o sistema respiratório e urinário, mas também provocar quadros de bacteremia, septicemia, meningite e até endocardite. Os fatores de virulência que permitem a colonização dos diferentes tecidos do hospedeiro e promovem a patogenicidade, driblando os mecanismos de defesa do hospedeiro, ainda são poucos conhecidos nesse grupo bacteriano. Devido a inúmeras dificuldades de se estudar fatores de virulência in vivo em modelos experimentais e levando em consideração a crescente disponibilidade de genomas e bases de dados de fatores de virulência e genes de resistência a antibióticos, a bioinformática e a ciência de dados se mostram alternativas atraentes para estudar esse grupo bacteriano. Neste contexto, o presente subprojeto vem utilizando bibliotecas de ciência de dados em linguagem Python, ferramentas de bioinformática como o Pathogenie, e as base de dados CARD, Resfinder, Arg-Annot, Arg Ranker, VFDB (Virulence Factor Database), para estudar 316 genomas de Serratia, incluindo 117 relacionados a infecções em humanos, 117 ambientais (solo e água), 39 associados a secreções e excretas de humanos (urina, fezes e mucosas), 39 associados a insetos e 4 associados a nematoides. Os resultados obtidos neste estudo mostram que a aquisição de alguns genes relacionados a bombas de efluxo, que conferem resistência a múltiplas classes de antibióticos, ainda se encontra restrita ao grupo de isolados obtidos a partir de infecções. Por outro lado, alguns genes que conferem resistência a aminoglicosídeos e algumas betalactamases, além das infecções, também foram encontrados em isolados de secreções e excretas. Além dessas resistências adquiridas, foi revelado que o gênero Serratia possui resistência intrínseca a alguns antibióticos, devido a genes de resistência comum a praticamente todos os isolados, e que provavelmente foram herdados do ancestral comum que formou o gênero. Em alguns isolados foram encontrados genes de fatores de virulência, como o que codifica para o sideróforo do tipo yersiniabactina, prevalente entre os membros da família Enterobacteriaceae, cujo papel é obter ferro para o permitir o desenvolvimento bacteriano dentro dos tecidos do hospedeiro; e outro que codifica para a enterotoxina 1 estável ao calor, também encontrada em de E. coli enteroagregativa (EST1).
SÍNDROME DA COVID LONGA: ESTUDO DA CARGA VIRAL ESTIMADA EM DIFERENTES LINHAGENS/VARIANTE DE PREOCUPAÇÃO DO SARS-COV-2 ASSOCIADA AO HISTÓRICO DE IMUNIZAÇÃO PARA A COVID-19.
Bolsista: LETICIA FERREIRA ESPINOSA
Orientador(a): Fernando Braga Stehling Dias
Resumo: A síndrome pós-COVID-19 atinge cerca de 40% da população que foi diagnosticada com COVID-19, afetando negativamente o estilo de vida das pessoas, tornando-as até mesmo incapacitante para a retomada de atividades que eram consideradas anteriormente rotineiras para esses indivíduos. As sequelas pós-aguda (PASC) estão sendo cada vez mais em evidência. Compreender de forma mais sistêmica os sintomas da PASC se faz necessário diante a ausência de estudos e fatores de persistência da inflamação pós-recuperação, o que repercute negativamente na qualidade de vida das pessoas. Denominada como COVID-longa, essa “síndrome” está associada a traços imunológicos inatos e adaptativos, podendo atingir os indivíduos em todos os níveis de gravidade da doença. As sequelas crônicas podem persistir mesmo com melhorias em exames radiológicos e funcionais pulmonares, o que reforça a hipótese que outras fisiopatologias (e.g. complicações neurológicas, anormalidades metabólicas, déficit cognitivo e fadiga), além das lesões pulmonares, também podem envolver pacientes com COVID longa. Neste mesmo sentido, curiosamente, a síndrome pós viral semelhante à COVID longa já foi relatada por até 4 anos em pacientes diagnosticados com a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS) e síndrome respiratória aguda grave (SARS), outros dois tipos de coronavírus (YONG, 2021). Por se tratar de uma infecção recente surgida no final de 2019, associada ao aumento no número de pessoas com relatos das mais diversas sequelas que, aparentemente, foram diagnosticadas como síndrome pós-COVID, torna-se necessário um estudo a fim de avaliar uma coorte de pacientes diagnosticada com COVID-longa de forma a estimar a carga viral desses pacientes, bem como associá-la com os perfis sociodemográficos e parâmetros de imunização em regiões geográficas do país com menores condições socioeconômicas, como o estado do Ceará. Assim, o impacto das sequelas pós-aguda causadas pela infecção do SARS-CoV-2 sobre a saúde pública ainda é considerada uma lacuna do conhecimento que merece melhores entendimentos. Desta forma, o objetivo deste trabalho é estimar a carga viral em diferentes linhagens/variante de preocupação do sars-cov-2 e correlacioná-la com histórico de imunização em pacientes que desenvolveram a síndrome pós-COVID-19.
Página 7 de 48 páginas.