Bolsista: João Gabriel dos S Magalhães
Orientador(a): Juliana Pavan Zuliani
Resumo: Os venenos animais são uma fonte de diversas moléculas (peptídeos, proteínas e enzimas) muitas das quais ainda não possuem a sua atividade biotecnológica determinada. O veneno da serpente Crotalus durissus possui uma grande variedade de compostos inorgânicos e orgânicos. Estes compostos biológicos contribuem na imobilização e digestão da presa, levando a mesma ao óbito. No veneno de serpentes do gênero Crotalus, a crotoxina apresenta é a proteína majoritária do veneno. É uma ?-neurotoxina heterodimérica que atua na junção neuromuscular. A subunidade CA (crotapotina) não tem um função bem caracterizada, porém há evidências que a molécula atue como carreadora da fração CB (Fosfolipse A2), chaperona, o que aumenta a sua potência. A subunidade CB confere atividade fosfolipásica ao veneno crotálico e a crotoxina. Estudos tem demonstrado a ação direta da crotoxina às células de músculos esqueléticos induzindo miotoxicidade sistêmica, caracterizada pela presença de mioglobinúria, mioglobinemia e por aumento dos níveis séricos de creatino cinase, lactato desidrogenase e aspartato aminotrasferases, além de exercer seu efeito pela a associação da fração CB às membranas plasmáticas e às terminações nervosas. Outro componente importante é a crotamina, uma miotoxina que age nas membranas das fibras musculares, responsável por causar mionecrose no tecido muscular e induzir a paralisia espasmódica em músculos esqueléticos de origem periférica por meio da despolarização do potencial de membrana das células musculares. A convulxina é responsável pela perda de equilíbrio, alterações gastrintestinais, convulsões e alterações visuais logo após sua inoculação. A giroxina é semelhante a trombina com ação fibrinolítica. A crotalfina um componente peptídico com estrutura semelhante ao componente não-tóxico crotapotina. A crotalfina possui forte ação antinociceptiva mediada pela ativação de receptores opiódes tipo ?. A busca por fármacos antivirais para tapamento de infecções por vírus de RNA, como é o caso da dengue e febre amarela por exemplo, é uma premissa de vários grupos de pesquisa nacionais e internacionais. A família Flaviviridae é composta por três gêneros: Flavivirus, Pestivirus e Hepacivirus. No gênero Flavivirus estão incluídos cerca de 39 espécies que são considerados arbovírus, sendo alguns causadoras de encefalites e outros de febres hemorrágicas em humanos e animais. O vírus da dengue, que compõe essa família, possui quatro sorotipos relacionados que compartilham um ciclo de transmissão comum. Diferentemente da maioria dos arbovírus, o Dengue conta com transmissão por mosquitos vetores que vivem em estreita associação ao ser humano, o Aedes aegypti. O Ae. aegypti é o principal vetor do vírus da dengue na maioria dos locais, com Ae. Albopictus e Ae. polynesiensisservindo como vetores secundários. Este vírus pode afetar pessoas de todas as idades, incluindo recém-nascidos, crianças, adultos e idosos, causando um espectro de doenças que vai desde a febre da dengue até as formas mais graves de dengue hemorrágica e síndrome do choque da dengue. O DENV são os mais importantes patógenos arbovirais humanos, com uma estimativa de 50-100 milhões de casos anuais e dezenas de milhares de casos de da forma mais grave, que é por vezes fatal, a síndrome da febre hemorrágica da dengue. Nesse sentido, os venenos e suas toxinas podem se constituir em ferramentas de fonte natural que podem atuar nas diversas etapas de replicação viral, desde a absorção do vírus na célula hospedeira até a sua liberação resultando em ferramentas complementares àquelas atualmente disponíveis no mercado.