Bolsista: MARIANA BRAGA RODRIGUES
Orientador(a): LIZANKA PAOLA FIGUEIREDO MARINHEIRO
Resumo: O envelhecimento populacional é um fenômeno natural, irreversível e mundial. Dados estatísticos demonstram que, a população mundial cresce vertiginosamente e o tempo de vida médio segue aumentando de forma significativa durante as últimas décadas, em todo o mundo. No Brasil, segundo dados do último Censo demográfico para população idosa brasileira, o alargamento do topo da pirâmide etária pode ser observado pelo crescimento da participação relativa da população com 65 anos ou mais, que era de 4,8% em 1991, passando a 5,9% em 2000 e chegando a 7,4% em 2010. Especificamente as regiões sudeste e sul apresentam evolução semelhante da estrutura etária, mantendo-se como as duas regiões mais envelhecidas do País. O crescimento mais dramático da população idosa está no grupo mais velho, em 2019, a expectativa de vida passou a 76,6 anos, sendo de 73,1 para homens e 80,1 anos para mulheres. Isso se deve, em alguma medida, à implementação de ações higienistas, aos avanços tecnológicos e no campo da saúde, bem como ao aumento da oferta de alimentos. Por outro lado, o envelhecimento populacional trouxe um novo perfil de morbimortalidade, caracterizado por um aumento de doenças crônico-degenerativas (PEREIRA ET AL, 2015; JARDIM & JARDIM,2021).
Diante dessa expansão do envelhecimento, a Organização Mundial da Saúde viu - se convocada a priorizar a discussão do mesmo em sua agenda e, em consequência, um novo conceito nos foi ofertado - o envelhecimento ativo, o qual podemos compreender como uma forma de potencializar a saúde, participação e segurança dos indivíduos, objetivando a melhoria da qualidade de vida à medida que estes envelhecem (SOARES ET AL,2018). Com isso, verificamos a dupla faceta do fenômeno do envelhecimento populacional - a da conquista, por representar aumento da longevidade, e a da responsabilização, tanto dos gestores públicos quanto do corpo social, que implica o desenvolvimento de mecanismos que proporcionem uma vida ativa com independência, autonomia e qualidade nesse período (VEGI ET AL,2020). Nesse contexto, faz- se necessário, nos atentarmos para os desafios advindos do processo de envelhecimento e da velhice a fim de torná- lo equilibrado e saudável (SILVA & EULÁLIO,2021).
Quando olhamos para esse movimento acelerado de envelhecimento populacional, observa-se que, no que diz respeito às mulheres, há um acompanhamento diretamente proporcional da experiência do climatério, pois o processo de envelhecimento feminino, não se faz desvinculado de tal período transicional, em que se podem ocorrer alterações físicas,hormonais, metabólicas, somáticas, psíquicas e sociais (ZAMPIERI,2009, PEREIRA, ET AL,2016). Assim, como as mulheres possuem, atualmente, uma expectativa de vida de 80,1 anos e vivem um terço dela acima dos 50 anos (ZAMPIERI,2009), bem como pelo menos 4,5 anos mais que homens (SOARES ET AL,2018), temos, em decorrência, uma elevação considerável da experiência do climatério.Nesse ínterim, verifica- se, a partir da análise do envelhecimento feminino, a necessidade de uma atenção específica e integral a esse fenômeno para que as mulheres tenham melhor qualidade de vida na velhice.
Em contrapartida, quando examinamos o histórico das políticas públicas de saúde da mulher, verificamos que há um número ínfimo de atividades voltadas para a promoção da saúde no climatério, tendo em vista que, na prática, os esforços estão concentrados na melhoria dos indicadores epidemiológicos, como a mortalidade materno-infantil, tornando assim a assistência às mulheres climatéricas ancorada no processo saúde- doença e medicalização do corpo (SOARES ET AL,2018, LUZ & FRUTUOSA,2021) e não no conceito ampliado de saúde, o qual inclui a promoção e prevenção .Diante disso, faz-se necessário, introduzir no cuidado feminino momentos da vida da mulher que foram historicamente cerceados com vistas a criação de caminhos para uma assistência mais abrangente, ou seja, que incluam as reais necessidades do corpo feminimo, articulando práticas atencionais e preventivas que abarquem os princípios de se envelhecer ativamente a fim de promover a melhoria da qualidade e expectativa de vida do grupo feminimo (SOARES ET AL,2018,LUZ & FRUTUOSA,2021).
Face ao exposto, entendemos ser pertinente avaliar o climatério para além da sintomatologia clínica da menopausa com vistas à promoção do envelhecimento ativo e satisfatório,uma vez que experienciar do climatério de forma deleitosa é primordial para obter-se um processo de envelhecimento e velhice saudáveis (SOARES ET AL,2018). Nesse contexto, ressalta-se a importância de pensar em práticas de cuidado integral à mulher, que considerem a complexidade desse período transicional e suas implicações no processo de envelhecimento feminino. Essa pauta é ainda mais urgente considerando o panorama atual: invisibilidade histórica desse fenômeno na assistência à mulher; as problemáticas do cuidado à saúde da mulher à luz de uma sociedade patriarcal; e a precarização e esgarçamento do sistema único de saúde - somados ainda a um período de intensificação dessa fragilidade em decorrência da pandemia de covid 19, a qual torna a oferta e acesso aos dispositivos de saúde ainda mais limitados (FERREIRA ET AL,2020, LUZ & FRUTUOSA,2021).
OBJETIVO GERAL
Realizar estudo retrospectivo dos principais dados referentes ao envelhecimento e à saúde da mulher, obtidos através da produção científica realizada pelo Instituto Fernandes Figueira, sob o projeto guarda-chuva “Envelhecimento da mulher: estudo das comorbidades de maior prevalência da mulher na pós menopausa visando um envelhecimento com melhor qualidade de vida”, em seus mais de 10 anos de produção.