Bolsista: LETICIA MARIA DA SILVA MARQUES
Orientador(a): JESSICA PEREIRA DOS SANTOS
Resumo: Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), a doença de Chagas está incluída dentre as Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs) com o maior número de casos, ocorrendo, principalmente, em populações rurais do Nordeste que vivem em situações de pobreza, desigualdade e iniquidades em saúde (Ministério da Saúde, 2010; Dos Santos et al., 2020). Dados atuais revelam que a mortalidade por DTNs no Piauí foi elevada no período 2001-2018, principalmente, para doença de Chagas, com maior expressão em grupos populacionais e contextos de maior vulnerabilidade social (Brito et al. 2022). Nessa conjuntura, a participação da comunidade na notificação de triatomíneos é de fundamental importância para a manutenção do controle de vetores domiciliares. Entretanto, tem sido relatado dificuldades por parte da comunidade em reconhecer e encaminhar devidamente os insetos aos serviços (Villela et al., 2009). Assim, compreender os espaços em risco, através do conhecimento dos ecótopos naturais, da associação dos vetores com os hospedeiros vertebrados e do eventual estabelecimento de ciclos domésticos da doença em locais endêmicos, impacta nas ações de vigilância entomológica, visto que essas informações são pilares centrais para elaborar, com fundamentação científica, as bases técnicas para a implementação de programas de prevenção e controle mais eficazes, além de proporcionar intervenções oportunas (Novais et al. 2022). Ademais, garantir que a educação em saúde seja inserida nessas estratégias são primordiais, uma vez que se configura como uma importante ferramenta para a garantia de sucesso na manutenção das políticas públicas, destacando ainda sua relevância na ampliação dessas iniciativas em territórios com populações vulnerabilizadas (Gouw; Bizzo, 2015). O objetivo geral do projeto consiste em realizar ações de educação em saúde em localidades rurais endêmicas para a doença de Chagas no semiárido piauiense, a fim de subsidiar a manutenção e o fortalecimento da vigilância entomológica. Os objetivos específicos consistem em:
I) Avaliar o conhecimento sobre os triatomíneos e a doença de Chagas entre moradores de localidades rurais endêmicas no semiárido piauiense;
II) Realizar atividades lúdicas em escolas da zona rural sobre os aspectos relacionados com a doença de Chagas;
III) Elaborar cartilhas informativas sobre o vetor, sua biologia, os efeitos das ações antrópicas no ambiente, as formas de transmissão da doença de Chagas, as medidas de prevenção e a importância da vigilância entomológica.
O município de Arraial do Piauí está situado na região Centro Norte do semiárido piauiense, se estendendo por 682,8 km². De acordo com o IBGE (2010), o município contava com 4.727 habitantes e IDH de 0,560. Possui clima tropical semiárido quente, com duração do período seco de sete a oito meses, temperaturas médias entre 26°C a 35°C e vegetação típica de cerrado.
Para o levantamento do conhecimento da população sobre os triatomíneos e a doença de Chagas, será aplicado um questionário de múltiplas escolhas como instrumento de coleta de dados, abordando os seguintes aspectos: eventual encontro de triatomíneos, capacidade de reconhecer o inseto, transmissão de alguma doença pelo vetor, nome da enfermidade, órgãos acometidos pela doença, ações para evitar que tais insetos colonizem o domicílio, se o entrevistado ou algum familiar já foi picado pelo triatomíneo, condutas adotadas ao encontrar um barbeiro, dentre outros.
Os moradores das localidades visitadas terão a oportunidade de conhecer os vetores da doença de Chagas e receberão esclarecimentos sobre a biologia, em que tipos de locais podem ser encontrados e quais as medidas de controle que impedem a colonização no intradomicílio e peridomicílio. Nas escolas da zona rural serão ministradas palestras com a utilização de cartazes abordando os vetores, sua biologia, os efeitos das ações antrópicas no ambiente, as formas de transmissão das doenças, as medidas de prevenção, as consequências causadas na saúde e a importância da vigilância entomológica, levando em conta a experiência individual de cada e seu envolvimento. Para melhor fixação dos temas abordados também serão realizadas atividades lúdicas e entrega de cartilhas com as informações sobre o vetor e a doença que transmite. Além disso, serão levados exemplares dos insetos vetores para que os alunos e professores possam reconhecê-los.