Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 2

Bolsista: BARBARA DE MOURA VIGGIANI
Orientador(a): SANDRA WAGNER CARDOSO
Resumo: Com o sucesso da terapia antirretroviral (TARV), pessoas com HIV (PWH) ao redor do mundo possuem uma maior expectativa de vida. Em comparação com indivíduos sem HIV, PWH apresentam maiores taxas de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), incluindo doença cardiovascular, fibrose hepática, câncer e distúrbios metabólicos. PWH de mais idade também apresentam risco aumentado e desenvolvimento precoce de diversas síndromes geriátricas (as quais são manifestações de desequilíbrios multissistêmicos devido a interações etiológicas), tais como fragilidade, declínio funcional e deficiência neurocognitiva. Assim como no caso das DCNT, as causas deste risco aumentado são complexas, envolvendo fatores sociais (incluindo escolaridade, pobreza, condições de moradia, insegurança alimentar e isolamento); comportamentos (uso de substâncias); comorbidades (obesidade, depressão); coinfecções; bem como a evolução do HIV/AIDS (contagem de células CD4, nadir, proporção CD4/CD8), medicamentos (histórico de TARV) e efeitos imunológicos (inflamação crônica, imunossenescência). É de fundamental importância estudar desfechos de envelhecimento entre PWH em países em desenvolvimento e, em particular, na América Latina. Diferenças em fatores nutricionais, sociais e comportamentais afetarão a epidemiologia das síndromes geriátricas e DCNT entre PWH em países em desenvolvimento. Em muitos países de renda média e baixa – em particular na América Latina – uma expectativa de vida crescente e o aumento das DCNT entre PWH andam lado a lado com mudanças demográficas profundas na população em geral. Em 2016, DCNT representaram 71% das mortes em todo o mundo, e um índice desproporcional de mortes prematuras por DCNT foi registrado nos países em desenvolvimento. Estudos transversais recentes conduzidos por pesquisadores da CCASAnet demonstraram associações significativas entre declínio neurocognitivo, fragilidade, deficiência e sintomas de depressão entre PWH com mais de 50 anos na Cidade do México. Este estudo tem por objetivo avaliar os efeitos da resiliência sobre qualidade de vida reduzida associada a multimorbidade em PWH de mais idade atendidas no INI-Fiocruz pelo projeto “Rede de Pesquisa em Envelhecimento da CCASAnet”. Será realizado atendimento dos participantes com aplicação de questionários para coleta dos dados e variáveis de interesse nas visitas de inclusão do estudo. Serão utilizados o questionário de qualidade de vida da World Health Organization (WHO) e a Escala de Resiliência de Connor-Davidson. Será realizado modelos de regressão logístico multivariado para verificar a associação entre resiliência e qualidade de vida. Espera-se que os resultados deste estudo possam fornecer dados para a criação de intervenções para melhorar a qualidade de vida de PWH com mais de 50 anos.

Bolsista: EDUARDA RODRIGUES DE CASTRO
Orientador(a): ROSELY MARIA ZANCOPE OLIVEIRA
Resumo: As infecções respiratórias continuam a constituir um dos mais importantes problemas de saúde pública. Dentre estas, as doenças oportunistas causadas pelo Histoplasma capsulatum, agente da histoplasmose (HPM), da Cryptococcus spp, agente da criptococose (CPC) tem apresentado grande relevância nos últimos anos, principalmente por sua alta taxa de morbidade e mortalidade, principalmente na população imunodeprimida, principalmente em pessoas vivendo com HIV/aids(PVHA). HPM está entre as micoses sistêmicas mais comuns no Brasil apresentando amplo espectro clínico, variando desde formas leves, a graves e disseminadas, dependendo do inóculo infectante, do status imunológico do hospedeiro e da virulência do fungo. A doença pode acometer todos os indivíduos, entretanto, é fator de risco potencial para pacientes imunocomprometidos, particularmente em pacientes com aids, onde é a infecção fúngica oportunista mais comum nas áreas endêmicas. A criptococose é infecção sistêmica de porta de entrada pulmonar causada por fungos dos complexos Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii. Em pacientes infectados por HIV evolui para forma disseminada, principalmente sob a forma de meningoencefalite. Comumente, o diagnóstico destas doenças infecciosas se baseia em aspectos clínicos, imunológicos, epidemiológicos, radiológicos e microbiológicos, sendo geralmente o teste de referência para a confirmação do diagnóstico o isolamento e identificação do microrganismo em cultivo. Entretanto apresentam limitações onde se incluem metodologias fastidiosas, e cepa-dependentes, e dependentes de técnicos muito bem treinados. Com isso, pretendemos implementar testes integrados de histoplasmose e criptococose pessoas com doença pelo HIV avançada, desenvolver estratégias para reduzir a mortalidade por estas micoses na população com aids assistida em centros especializados em doenças infecciosas, como a identificação precoce, triagem rápida, e implantação de condutas clínicas e preventivas mais apuradas e ágeis com base nas recomendações da OMS.

Bolsista: EDUARDO HERNANY PANTOJA DE MACEDO
Orientador(a): Fernando Berton Zanchi
Resumo: Docking molecular é uma técnica computacional amplamente difundida entre os atores da indústria farmacêutica pois é uma das mais poderosas ferramentas usadas na prospecção de novos fármacos e Química Medicinal. Esta técnica tem sido usada extensivamente na descoberta ou no planejamento de novos ligantes quando o alvo é uma proteína por exemplo. As ferramentas mais citadas e utilizadas são as que compõem o pacote Autodock, contudo, estas não possuem uma interface WEB amigável para facilitar os ensaios executados para usuários não especialistas em informática. Uma interface gráfica em ambiente WEB multiplicaria o número de abordagens de proposição de novos candidatos a fármacos. Atualmente os softwares citados possuem algumas interfaces gráficas para instalação. Contudo, todas são aplicações conhecidas por “aplicações desktop” pois precisam ser instaladas para um sistema operacional esepecífico e ainda necessitam de bibliotecas e algumas adaptações para que funcionem. Em outros casos, as interfaces gráficas são comercialmente inviáveis. Inspirado no sucesso de outro projeto executado pelo mesmo programa PIBIT – o VisualDynamics (http://visualdynamics.fiocruz.br/login), deseja-se disponibilizar mais uma ferramenta de prospecção de fármacos na WEB. Assim, este subprojeto pretende construir uma plataforma amigável com a construção de uma interface gráfica na WEB que possibilite o uso do Autodock e do Autodok Vina.. A linguagem utilizada será Python com framework FLASK além de Javascript, HTML e CSS para designer visual aprimorado.

Bolsista: Axel Jhonantam Oliveira Lima
Orientador(a): Marcos Roberto Lourenzoni
Resumo: Os CARs são moléculas de proteína recombinante que podem ser expressas em células imunológicas, especificamente em linfócitos T, por meio de métodos de tecnologia do DNA recombinante (1). O CAR possui a função de redimensionar a ação dos linfócitos T contra células alvo, como células cancerígenas, as quais possuem em sua superfície um antígeno específico (2). De uma forma geral, os CARs são constituídos por três domínios ou porções, conforme a Figura 1, que mostra as diferentes gerações de CAR, sendo o mais usado o de segunda geração. Importante destacar que o domínio extracelular contém um fragmento variável de cadeia única (scFv) e o hinge. O scFv é formado pelas porções VL e VH (domínio variável da cadeia leve e pesada) de um anticorpo monoclonal (mAb) e um linker; e é responsável pelo reconhecimento ao antígeno expresso pela célula cancerígena (3). O scFv é o ponto focal dessa proposta, mas é necessário estudar a interface scfv/Cd22. Em geral, o CAR anti-CD22 aprovado para testes clínicos (NCT02588456, NCT02650414 e NCT02315612) utiliza um scFv em sua porção extracelular proveniente do mAb M971 (4). Nesses testes clínicos os CARs anti-CD22 que utilizam scFvs derivados de M971 tem conectados entre domínios VH e VL do scFv de M971 um linker curto (GGGGS) e longo (GGGGS)4, sendo o scFv de linker curto o que possui maior afinidade pelo receptor CD22, uma vez que o linker curto nesse scFv proporciona a formação de nanoclusters. A estudante de mestrado do Grupo (GEPeSS) encontrou um local importante para mutação nos scFvs de linker curto e longo, que serão avaliados e comparado com resultados de DM e MM/PBSA do nativo nesse ano, nessa proposta. Existem duas principais técnicas computacionais que objetivam estimar a afinidade de ligação, são elas: técnica de Mecânica Molecular de Poisson-Boltzmann com Solvatação da Área de Superfície (MM/PBSA) e método de Força Adaptativa (ABF). As técnicas MM/PBSA e ABF podem ser utilizadas para calcular os valores de energia livre de ligação entre o scFv de M971 e o CD22, a fim de comparar com os resultados experimentais obtidos por Ereño-orbea e colaboradores (5). Assim, tem-se a possibilidade de validar a proposição da mutação Y52R e o novo locla de mutação encontrado por trabalhos do GEPeSS, se são descritos como favoráveis para aplicação em scFv de CARs Bi específicos anti-CD19/CD22. As técnicas mencionadas estão ligadas a simulação de Dinâmica Molecular (DM). Nesse trabalho, vamos usar MM/PBSA para primeira análise de diferenças de afinidade.

Bolsista: LUIZA PESSOA DO NASCIMENTO ANDRADE
Orientador(a): Geraldo Gileno de Sá Oliveira
Resumo: A autópsia minimamente invasiva guiada por ultrassonografia (AMIGUS) se mostra eficaz para estudo post-mortem de infecções/doenças infecciosas que causam alterações difusas ou extensas nos órgãos e epidemias de alto risco biológico. AMIGUS são frequentemente realizadas usando-se agulhas coaxiais e Tru-Cut ou “punch” para a coleta de amostras de vários órgãos como, por exemplo, o pulmão, coração, fígado, baço, rim, cérebro, músculo esquelético e pele. Essa técnica de autópsia é relevante para o estudo das alterações teciduais ocasionadas pela infecção por SARS-COV-2 e a doença correspondente, a COVID-19. A COVID-19 pode causar comprometimento pulmonar e afetar outros tecidos, incluindo o músculo esquelético. Além disso, a infecção causada pelo SARS-CoV-2 pode ocasionar manifestações clínicas/sequelas debilitantes por longos períodos, sendo essa condição denominada COVID longa. Nos casos de COVID longa, a fadiga e fraqueza muscular são sintomas prevalentes. Durante a epidemia de COVID-19, o nosso grupo realizou AMIGUS e coletou amostras de músculo esqueléticos de 15 casos. Visando uma melhor compressão de lesões e da patogênese da doença que podem estar envolvidas em COVID longa, no presente trabalho, propõe-se realizar a descrição dos aspectos histológicos em músculo esquelético em casos fatais da COVID-19 bem como contribuir para a coleta e processamento de amostras de músculo esquelético em AMIGUS.

Bolsista: ESTER FELIX SALAZAR DE LIMA
Orientador(a): GINA TORRES REGO MONTEIRO
Resumo: Há evidências que pacientes com diagnóstico de neoplasia teriam pior prognóstico se acometidos pela COVID-19, mas ainda não está claro se tal infecção seria mais frequente em alguma localização primária do câncer ou em pessoas com alguma característica demográfica. O presente projeto tem por objetivo estimar a influência da epidemia de COVID-19 na mortalidade por neoplasia, no município do Rio de Janeiro. Para isso, serão analisados os dados de mortalidade por neoplasia, comparando o triênio 2017 a 2019 com o triênio 2020 a 2022. Serão estudadas o conjunto das mortes por neoplasia e a mortalidade pelas localizações mais frequentes, nos dois triênios. Os resultados esperados são um maior detalhamento da mortalidade por neoplasia no município do Rio de Janeiro, no que se refere à causa básica de morte.