Bolsista: RENAN GONCALVES DE VASCONCELLOS
Orientador(a): ANA CAROLINA PROENCA DA FONSECA
Resumo: Introdução: A obesidade é uma doença complexa definida pelo acúmulo de gordura corporal devido ao desequilíbrio energético. Tendo se então, um consumo calórico maior que o gasto energético por um período prolongado. Essa patologia está relacionada a diversos fatores, como: dieta hipercalórica, sedentarismo, cultural, medicamentos, estrutura social, genética, dentre outros. Com relação aos fatores genéticos, a obesidade pode ser classificada em dois tipos: poligênica e monogênica. A obesidade monogênica não sindrômica, forma rara e grave, é caracterizada pela presença de variantes de grande efeito em um único gene, resultando no fenótipo grave de obesidade e de início precoce. Nesta forma de obesidade, as alterações genéticas estão presentes em genes que atuam na via leptina-melanocortina, como SH2B1. Esse gene contém 9 exóns e se encontra localizado no braço curto do cromossomo 16. Ele codifica uma proteína adaptadora contendo dois domínios denominados de Src homologia 2 (SH2) e pleckstrina (PH). Essa proteína tem o papel de mediar a sinalização celular em resposta a múltiplos hormônios, em especial os fatores de crescimento e citocinas. A importância do SH2B1 para obesidade é visto em estudos com camundongos, no qual a deleção do gene resultou em obesidade precoce grave e resistência à insulina (Rui L. et al. 2005). Em humanos, Doche e colaboradores (2012) avaliaram uma coorte de ascendência europeia e identificaram variações potencialmente patogênicas em heterozigose em 5 indivíduos. Esses pacientes apresentavam obesidade de início precoce, hiperfagia, atrasos no desenvolvimento da fala e linguagem, e comportamento agressivo. Essas variantes estavam segregando com a doença em outros familiares analisados. Objetivo: Dessa forma, o projeto tem como objetivo investigar variantes raras e potencialmente patogênicas no gene SH2B1 em uma amostra de indivíduos com obesidade de início precoce, no intuito de identificar pacientes com a forma Mendeliana não sindrômica da obesidade. Ademais, realizaremos uma caracterização fenotípica através da dosagem de hormônios e citocinas inflamatórias, a fim de aprofundar o conhecimento imunometabólico destes pacientes. Metodologia: A amostra é composta por 122 pacientes com obesidade grave e que desenvolveram esse fenótipo na infância; e também 100 pacientes eutróficos para que possamos aprofundar as análises de patogenicidade. Devido ao período da pandemia, o projeto foi dividido em uma fase prática e outra remota. Com isso, iniciei no projeto de modo remoto, primeiramente aprendendo a como utilizar o banco de dados Ensembl, como desenhar primers e analisar um eletroferograma. Após esse período de conhecimento prévio, comecei a realizar as análises in sílico com os resultados dos experimentos. Em paralelo, uma parte experimental do projeto estava sendo realizada pela minha orientadora, que obteve resultados através da amplificação das regiões por PCR e sequenciamento, pelo método de Sanger automático. Resultados: Até o momento, foi realizado o rastreamento dos 122 pacientes para o exóns 3, 4, 5, 7 e 8. Nessas análises identificamos 4 variantes missense [p.(Ala99Val), p.(Val345Met), p.(Ser410Phe), p.(Arg630Gln) e p.(Ala663Val)], sendo 2 potencialmente patogênicas. Fizemos o rastreamento dessas variantes na amostra de controles. Entramos em contato com a família do paciente portador da variante p.(Arg630Gln), realizamos a análise do heredograma e estamos finalizando a investigação genética para fazermos a análise de segregação. Perspectiva: Após toda análise dos resultados do sequenciamento e da patogenicidade das mutações, pretendemos iniciar a caracterização do perfil imunometabólico dos pacientes carreadores de variantes. Além disso, mesmo com resultados parciais, aspiramos divulgá-los em algum evento científico e/ou congresso.