Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 2

Revista: Edição 2 | Ano: 2024 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
EFEITO DO TRATAMENTO COM SELÊNIO NA PROGRESSÃO DA CARDIOPATIA DA DOENÇA DE CHAGAS: IDENTIFICAÇÃO DE BIOMARCADORES GENÉTICOS E MOLECULARES DE FISIOPATOLOGIA CARDÍACA
Bolsista: REBECA SOARES RIBEIRO DA COSTA
Orientador(a): TANIA CREMONINI DE ARAUJO JORGE
Resumo: Selênio (Se) é um micronutriente essencial para todos os organismos, desempenhando papel como antioxidante. É incorporado pelos animais principalmente através dos alimentos. Algumas patologias têm sido correlacionadas com diminuição de níveis séricos de Se tais como AIDS, câncer e cardiopatias. A deficiência nutricional de Se, ou a sua redução sérica está associada a doenças cardiovasculares, a algumas miocardiopatias congestivas, a maior morbidade e mortalidade cardiovascular (infarto e doença da artéria coronária) e maior risco de doença cardíaca isquêmica, com correlação positiva entre os níveis de selenito de sódio plasmático e a fração de ejeção ventricular em pacientes com doença de artéria coronária. Foi demonstrado que a suplementação com 100 microg de selenito de sódio pode prevenir a morte por infarto agudo do miocárdio, reverter arritmias, cardiomegalia, e proporcionar aumento da fração de ejeção ventricular. A suplementação pode ter também efeitos imuno-estimulantes. Esse projeto surge como decorrência natural de resultados clínicos anteriores, que indicaram que: O tratamento com Se não melhorou a função cardíaca (avaliada pela FEVE) na cardiomiopatia chagásica crônica. No entanto, no subgrupo de pacientes no estágio B2, foi observada um potencial influência benéfica do Se. Neste contexto testaremos a seguinte hipótese: O efeito do tratamento com Se pode sofrer influencia por ação de biomarcadores genéticos e moleculares? Serão investigados os seguintes objetivos: (a) analisar efeitos do tratamento com selênio em biomarcadores de fisiopatologia cardíaca; (b) avaliar e correlacionar o padrão de frequência dos alelos dos genes de TGF-beta e selenoproteínas com o efeito do tratamento com Se e; c) determinar os níveis séricos das selenoproteínas GPX1, SelenoP, TGF-beta e BNP nos pacientes tratados ou não com Se. Dessa forma, a identificação de biomarcadores genéticos e moleculares de fisiopatologia cardíaca, e seu papel, nas amostras dos pacientes incluídos no ensaio clínico STCC pode auxiliar em uma melhor compreensão da resposta ao tratamento com Se e da doença, direcionando a novos esquemas e abordagens terapêuticas com o Se.
IMPACTO DA DISFUNÇÃO MINERAL ÓSSEA NA EXAUSTÃO CELULAR DE LINFÓCITOS T EM PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS SOB TRATAMENTO ANTIRRETROVIRAL
Bolsista: ISABELE RODRIGUES PRAXEDES
Orientador(a): YURY OLIVEIRA CHAVES
Resumo: A senescência celular que acompanha o envelhecimento altera a fisiologia e a capacidade de replicação das células normais do organismo e está diretamente relacionada a capacidade proliferativa e regenerativa. A longo prazo, promover um cenário imunológico conhecido como exaustão das células T. Estas alterações têm papel significativo no aumento do risco de desenvolvimento da osteoporose. O projeto pretende definir o perfil epidemiológico de imunossenescência nas PVHA sob tratamento antirretroviral que apresentam disfunção mineral óssea. Trata-se de um estudo observacional, transversal, prospectivo com PVHIV atendidas no ambulatório da FMT-HVD. Os resultados têm demonstrado que a fragilidade das PVHA estão associadas a alterações na desidrogenase lática e VLDL e principalmente pela elevação da quantidade fosfatase alcalina e de cálcio. Um perfil de exaustão celular em linfócitos que expressam CTLA-4high e PD-1high caracterizado pela baixa expressão de marcadores como IFNy, CD69 e CD28 foi observado e associado a desmineralização óssea, a baixa capacidade proliferativa dos linfócitos CD4 e CD8 circulantes e exaustão celular tem se mostrado fortes indicadores de senescência podendo, com isso, impactar o manutenção da imunidade em PVHA em uso de TARV e indiretamente com a desmineralização óssea.
DETERMINAÇÃO DO PAPEL DAS VESÍCULAS EXTRACELULARES NO PROCESSO DE DIFERENCIAÇÃO DE TROFOZOÍTOS PARA CISTOS
Bolsista: BEATRIZ ROSA MARQUES ZEFERINO
Orientador(a): Marcel Ivan Ramirez Araya
Resumo: Giardia intestinalis (sin. G. lamblia ou G. duodenalis) é o agente causador da doença gastrointestinal mais comum em todo o mundo, a giardíase, que coloniza o trato intestinal humano onde permanece extracelular e aderida às células intestinais. Recentemente a doença foi incluída como parte da Iniciativa das Doenças Negligenciadas da Organização Mundial de Saúde (OMS). As manifestações clínicas da giardíase são variáveis, e vão desde a ausência de sintomas até diarreias agudas ou crônicas. Adicionalmente, estudos recentes indicam que distúrbios gastrintestinais funcionais, tais como a síndrome do intestino irritável, e o déficit de crescimento em crianças podem ser associados com a infecção por G. intestinalis. Apesar da alta prevalência e das consequências desta doença, os mecanismos fisiopatológicos subjacentes na giardíase ainda permanecem incompreendidos. Nos últimos anos, tem sido descrito que as vesículas extracelulares podem participar na interação parasita-célula hospedeira. As vesículas extracelulares (EV’s) podem ser: microvesículas (MVs) e derivadas da membrana plasmática; exosomos, pequenas vesículas originadas a partir de membranas de endossomos e corpos apoptóticos contendo material do núcleo celular. A formação de cistos e fundamental para a transmissão da doença e está constituída de duas grandes etapas. Produção de vesículas de encistamento que carregam proteínas CWP que formam a base da parede cística com uma mudança morfológica do trofozoíto. E uma segunda parte de divisão de núcleo para formação de uma célula tetraploide. Revisado por Einarsson and Svard 2015. Não se sabe se vesículas extracelulares participam deste processo de diferenciação. No presente trabalho pretendemos analisar fenotipicamentese vesículas extracelulares participam no processo de diferenciação celular de trofozoítos para cistos.
Papel do colesterol no desenvolvimento do carcinoma hepatocelular derivado de esteatohepatite não alcoólica: foco na angiogênese.
Bolsista: Beatriz Faria de Oliveira
Orientador(a): TATIANA MARTINS TILLI
Resumo: O carcinoma hepatocelular (CHC) é uma das causas mais comuns de morte relacionada ao câncer no mundo e, dentre as etiologias, a doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) e sua forma inflamatória e mais agressiva conhecida como esteatohepatite não alcoólica (EHNA) é considerada um fator de risco importante no desenvolvimento do CHC. A literatura atual aponta que o colesterol dietético pode exercer um importante papel na progressão do CHC derivado de EHNA, atuando como uma molécula citotóxica e provocando a ativação de vias inflamatórias, contribuindo também na sustentação da proliferação celular característica do câncer e a consequente hepatocarcinogênese. Entretanto, não se sabe de forma clara como o colesterol contribui na progressão da EHNA/CHC, se fazendo necessário mais estudos em modelos pré-clínicos que tornem possível a compreensão da fisiopatologia da doença. Além disso, foi demonstrado na literatura que a microcirculação prejudicada está envolvida na progressão da DHGNA, e que a neoangiogênese relacionada ao tumor sustenta o microambiente tumoral, podendo causar invasão microvascular (IMV) e consequente metástase. Sendo assim, este estudo terá como objetivo avaliar o papel do colesterol na progressão da EHNA para CHC e caracterizar a angiogênese.
Avaliação do miRNA-146b-5p como biomarcador de resposta terapêutica em pacientes com a doença de Chagas crônica tratados com benznidazol
Bolsista: MARIA MIKAELY RIBEIRO BRITO
Orientador(a): OTACILIO DA CRUZ MOREIRA
Resumo: Até o presente momento, não se tem vacina profilática ou terapêutica aprovada para a doença de Chagas. O atual tratamento etiológico, empregando o fármaco Benznidazol, tem se mostrado eficiente na fase aguda da infecção (60 - 85% da taxa de cura), embora seu uso na fase crônica ainda seja debatido. O padrão ouro para avaliação da eficácia terapêutica é a soroconversão de testes sorológicos convencionais, que podem levar anos ou décadas para serem alcançados. Assim, o desenvolvimento de marcadores para medir respostas terapêuticas em pacientes infectados com Trypanosoma cruzi é atualmente objeto de intensa pesquisa. Os microRNAs (miRNAs) são uma classe de RNAs pequenos, de fita única, não-codificantes, que agem na regulação da expressão de RNA mensageiro alvo. Muitos patógenos, incluindo vírus, bactérias e protozoários, são capazes de manipular as redes de miRNA de células hospedeiras infectadas. Estudo prévio do nosso grupo, com microRNAoma no tecido cardíaco de camundongos infectados cronicamente com T. cruzi, analisou 641 alvos para miRNA de camundongos tratados ou não com benznidazol na fase crônica da doença experimental. Dentre estes alvos, destacou-se o miRNA-146b-5p. Em experimento confirmatório, este miRNA apresentou um nível de expressão de 1,48±0,69 no grupo não infectado, 3,92±0,97 no grupo infectado e 0,56±0,19 no grupo tratado, em animais que foram eutanasiados 30 dias após tratamento. Diante disso, formulamos a hipótese de que este miRNA poderia ser um biomarcador de resposta terapêutica ao tratamento com benznidazol. Para testá-la, pretendemos avaliar os níveis de miRNA-146b-5p no sangue de 99 pacientes crônicos oriundos do Brasil antes e em até um ano após o tratamento com benznidazol. A confirmação deste miRNA como biomarcador de resposta terapêutica abriria possibilidades para o teste de novas drogas ou esquemas terapêuticos, podendo vir a ser grande avanço para o tratamento da doença de Chagas.
ANÁLISE CLÍNICO DA DOENÇA HEPÁTICA AVANÇADA E IDENTIFICAÇÃO DE BIOMARCADORES DE HEPATOCARCINOMA CELULAR EM PACIENTES INFECTADOS POR HBV E/OU HDV
Bolsista: LETICIA EREIRA AGUIAR
Orientador(a): Juan Miguel Villalobos Salcedo
Resumo: As hepatites virais constituem doenças endêmico-epidêmicas consideradas graves problemas de saúde pública no Brasil. Seu comportamento epidemiológico no mundo inteiro tem sofrido enormes mudanças nos últimos anos entre os infectados. Variações na sequência de resíduos de nucleotídeos dos genes correlacionados à resposta imunogenética têm sido descritas, sendo tais polimorfismos associados a mudanças da expressão da proteína e a diferenças interindividuais. A variação no quadro clínico dos pacientes acometidos por essa infecção intriga a ala popular, devido a diversidade quanto à associação do hospedeiro e vírus. A caracterização da resposta imunogenética frente a infecção por HBV e/ou HDV pode estar intimamente correlacionada ao perfil de regulação da resposta da imunidade inata mediada por citocinas e a participação de genes como os codificadores. Trabalhos que investigam polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) do genoma humano são potentes vias para o esclarecimento dos efeitos de evolução clínica de indivíduos infectados pelo vírus da hepatite B e coinfectados com vírus da hepatite D, descrevendo fatores potenciais para compreensão de alelos e/ou genótipos susceptíveis, ajudando futuramente a traçar novas alternativas de tratamento viral com potente espectro. Com isso, o objetivo visa analisar clinicamente a doença hepática avançada e identificar biomarcadores de hepatocarcinoma celular em pacientes infectados por HBV e/ou HDV. A metodologia consistirá em investigar o perfil clínico e epidemiológico a partir da análise de prontuários, além de identificar biomarcadores de hepatocarcinoma celular, buscando esclarecer eventuais influências de fatores imunogenéticos frente ao prognóstico clínico e permitindo avaliar se a evolução clínica do paciente, que é fortemente relacionada à resposta imunológica contra esta infecção, pode ser influenciada por questões genéticas previamente existentes no hospedeiro. Uma melhor compreensão deste cenário sobre o comportamento viral e a influência imunogenética tem certo potencial para identificação de possíveis formas de melhorias em abordagens terapêuticas que podem ser inseridas em sistemas de saúde.
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