Bolsista: HENRIQUE MOURA SOUZA DE PAULO
Orientador(a): ANTONIO CARLOS SIANI
Resumo: Os terpenoides produzidos por plantas têm se destacado como substâncias com capacidade citotóxica, anti-inflamatória e imunomoduladora e por isso têm sido investigados como candidatos a novos fármacos de aplicação oncológica. O exemplo mais destacado é o paclitaxel (taxol(Marca Registrada) , um diterpeno extraído das cascas do teixo do Pacífico (Taxus brevifolia) e transformado em laboratório, que foi aprovado e comercializado para o tratamento de cânceres de mama, pulmão, ovário e outros tipos de tumores. Monoterpenos derivados da oxidação do limoneno, como o caso do álcool perílico, têm sido objeto de estudos clínicos para o tratamento de gliomas. Por sua vez, os ácidos triterpênicos constituem moléculas com largo espectro de atividades farmacológicas, entre elas a de serem seletivas e citotóxicas sobre células tumorais. Esses ácidos usualmente ocorrem como misturas complexas em muitas fontes vegetais. Eles possuem alto valor agregado alto preço no mercado quando purificados, porém existem raros métodos descritos para purificar e escalonar a produção deles. Este é um forte gargalo para o prosseguimento das pesquisas farmacológicas e biomédicas com base nessas moléculas. Derivados do ácido ursólico e oleanólico possuem atividades similares, com alguns de seus derivados semissintéticos as potencializando significativamente. A presente proposta explora um conjunto de testes para purificar o ácido ursólico (AU) a partir da casca de maçã (Mallus domestica), na qual ele se apresenta concentrado. Complementa a proposta a síntese do éster metílico do AU, visando comparar as propriedades antioxidante, anticâncer e antimetastática de ambos. Em particular, comparado ao ácido original, o ursolato de metila tem produzido aumento da atividade sobre vários alvos farmacológicos, como antiartrítico e citotóxico contra diversas linhagens tumorais. Outra – e não menos importante – vantagem desses ésteres em geral refere-se à maior adequabilidade que apresentam para formulações farmacêuticas, em comparação com os ácidos que são anfifílicos e possuem baixa solubilidade tanto em solventes polares quanto apolares.
Assim, as atividades químicas são concentradas no processo de separação das moléculas-alvo através de técnicas cromatográficas combinadas, aplicadas ao extrato rico em ácidos triterpênicos, obtidos a partir do tratamento de cascas de maçãs com etanol alcalinizado. Nessa abordagem, existem duas lacunas que serão o foco da investigação sistemática. São elas a resolução cromatográfica entre os ácidos ursólico e oleanólico que compõem o extrato, e a reação de esterificação do ácido ursólico majoritário, que usualmente é dificultada por impedimento estérico na estrutura desses ácidos. Ambos os processos serão otimizados primeiramente em escala analítica, utilizando cartuchos comerciais contendo as fases estacionárias sob teste; seguindo-se a transposição dos resultados para escalas semipreparativas. Em microescala, serão testados até quatro tipos de fases estacionárias, com variação apropriada da eluição. À purificação do ácido ursólico seguirá seu escalonamento para 10 g (ou acima) de extrato, seguindo-se então para a etapa de sua esterificação. A dificuldade dessa reação está no forte impedimento estérico da carboxila em C-17 para os ácidos em questão; existindo poucos e ineficientes métodos descritos na literatura. Serão ensaiadas as condições que envolvem: (i) a formação prévia de um sal (especialmente sal de prata), seguida de sua reação com haletos de alquila; e (ii) uso de condições variáveis de temperatura e pressão, com reação em ampola selada. Por fim, serão realizados testes comparativos entre o AU e seu éster metílico, quanto à possível atividade anticâncer (mama), pela via de uma colaboração já estabelecida com outro grupo de pesquisa, além de comparar a capacidade antioxidante de ambos, no sistema ácido linoleico/beta-caroteno.