Bolsista: THAYANE XAVIER DE ANDRADE
Orientador(a): MARTA DE ALMEIDA SANTIAGO
Resumo: No Brasil a leishmaniose tegumentar americana (LTA) é causada principalmente L. braziliensis (Lb. A forma cutânea localizada (LCL) é predominante e os pacientes podem apresentar evoluções que variam de cura espontânea à má resposta ao tratamento. As diferenças parecem depender da espécie do parasito e fatores do hospedeiro, como tipo e intensidade da resposta imune, mas o mecanismo de ação não é totalmente compreendido. A influência de tipos celulares como neutrófilos, macrófagos, células NK, mastócitos, T reg, tem importância na formação da inflamação e são implicadas na geração de diferentes respostas imunes específicas. Uma das células que tem chamado atenção é o neutrófilo, antes era considerado importante apenas nos períodos iniciais da infecção, mas que atualmente é relacionado ao processo inflamatório de evolução superior a três ou seis meses. O detalhamento da função neutrofílica veio trazer informações importantes sobre as diferentes funções dessa célula que tanto pode ser benéfica, como deletéria para cura de lesões influenciadas pelo processo inflamatório envolvido, como é o caso da LTA. Os neutrófilos fazem parte dos leucócitos polimorfonucleares e estão na primeira linha de defesa à invasão por agentes infecciosos. São produzidos em grande quantidade pela medula (cerca de 60% dos leucócitos totais) e atuam por mecanismos intra e extracelulares como produção de mediadores inflamatórios, enzimas, fagocitose e produção de “Neutrophils Extracelular Traps- NETs”. As NETs são formadas pelo extravasamento de DNA, histonas e proteínas dos grânulos como elastase neutrofílica (NE), mieloperoxidase (MPO) e catepsina G, etc. Os neutrófilos podem ser avaliados por metodologias que visam identificar a célula, sua integridade, formação de NET e a ação enzimática presente. Neste subprojeto temos como objetivo geral descrever e comparar a presença e atividade de neutrófilos durante a resposta imune desenvolvida na LTA, correlacionando os achados com as diferentes formas de apresentação clínica e de resposta ao tratamento, visando o reconhecimento de padrões comuns ou não ao desenvolvimento da infecção, de modo a formar um painel de marcadores de evolução da mesma. Como objetivos específicos do aluno esperamos que este possa familiarizar-se com as técnicas de coleta de material e diagnóstico da LTA; dominar as técnicas para preparo de cortes de tecido congelado em criostato e realização de imunohistoquimica; familiarizar-se e treinar as técnicas de identificação de atividade de neutrófilos por citometria de fluxo como explosão oxidativa, identificação e quantificação de NETs, etc.; organizar e manter banco de dados com informações dos resultados obtidos, inclusive arquivo fotográfico; interpretar resultados laboratoriais empregados para detecção de neutrófilos e atividades neutrofílica na resposta imune in situ e in vitro, com a história clínica dos pacientes estudados; e participar na elaboração de relatórios e resumos, além da execução e divulgação de atividades de pesquisa correlatas. Para tal serão usadas técnicas de imunohistoquimica com marcações simples e duplas e citometria de fluxo para avaliação de atividade neutrofilica. Dentro desse contexto, um resultado muito importante será apresentar ao aluno de iniciação científica um mundo novo, fora de seu eixo universitário de rotina (no caso uma estudante do segundo ano medico), com o aprendizado da linguagem cientifica, o aprofundamento do conhecimento em imunologia e em doenças infecciosas e manuseio, obtenção e tratamento de dados com método científico. Esperamos que esta possibilidade abra os horizontes do aluno, fazendo com que descubra novos campos onde possa trafegar com desenvoltura no futuro, incluindo a leitura critica de informações cientificas, a melhoria da redação e a capacidade de síntese e organização de textos para publicação.