Bolsista: RAYNE HELEN LOPES DE OLIVEIRA
Orientador(a): CECILIA VIANNA DE ANDRADE
Resumo: O rastreio do câncer do colo uterino de forma sistemática e organizada leva a uma queda na incidência do câncer cervical. Mesmo com a Introdução da vacinação contra o HPV, que é efetiva e leva a uma alta proteção ao câncer cervical, o rastreio continua sendo uma importante ferramenta para reduzir as taxas de câncer cervical em pacientes não imunizadas ou com cânceres relacionados aos Tipos de HPV não contemplados pela vacina.
Com a evolução do rastreio e a melhor compreensão do processo de oncogênese do carcinoma escamoso do colo uterino, o NIC2, que até pouco tempo atrás era considerado um ponto de corte inequívoco para tratamento cirúrgico, atualmente é considerado uma lesão com alto percentual de regressão.
Em 2018 foi publicada uma metanálise onde o percentual de regressão da NIC2 foi estimado em 50%, persistência em 32% dos casos e 18% para progressão, levando ao conhecimento atual que a maioria das lesões de NIC2 regridem espontaneamente, especialmente em pacientes jovens.
Ainda não há critérios claros moleculares ou morfológicos que sejam preditivos de evolução das NIC2, apesar das recomendações da LAST 2012 sugerir a utilização do p16 para decisão de tratar ou acompanhar as pacientes, em estudos prévios do nosso grupo não é um exame acurado.
A infecção persistente por HPV de alto risco é um dos principais fatores de risco para o carcinoma escamosos do colo uterino. Visando avaliar se o tipo de HPV encontrado pode ser preditivo de evolução ou regressão espontânea de NIC, foi proposto um estudo de coorte com pacientes de NIC2 para identificar biomarcadores úteis para diferenciar o NIC2 com maior potencial regressor dos casos com maior potencial de progressão/persistência.
Os casos de NIC2 foram incluídos de duas formas uma prospectiva ainda recrutando e seguindo as pacientes e uma retrospectiva com localização dos casos de NIC2 no arquivo da Coordenação diagnóstica de patologia. O diagnóstico de NIC 2 na biopsia foi definido pela concordância de pelo menos dois patologistas que avaliaram as amostras de forma independente, os casos de discordância formam definidos por diagnóstico de consenso entre três patologista avaliando o caso em conjunto.
O desfecho clínico foi definido, nos casos tratados, pela análise do procedimento excisional. Os casos não tratados tiveram o desfecho definido pelo resultado das citologia, colposcopia de seguimento e/ou nova biópsia realizada por indicação do ginecologista, casos os achado de colposcopia e citologia não fossem concordantes foi considerado o achado mais grave, exceto nos casos em que foi realizado nova biópsia em que o resultado desta foi utilizada para definir o desfecho.
Foi considerado como não regressão a persistência de NIC 2 ou mais no espécime histológico resultante de procedimento excisional ou de biópsia realizada por suspeita de progressão. A regressão completa foi definida pela ausência total de doença no espécime histológico de procedimento excisional ou em duas citologias e colposcopias negativas e com junção escamocolunar (JEC) completamente visível em intervalos semestrais. Casos que apresentaram lesão de baixo grau (NIC 1) foram considerados como regressão parcial.
Foram incluídos 116 casos de NIC2, a media de idade foi de 33,95± 10,58. O desfecho clínico de um ano foi definido 43,9% por seguimento e 53,5% por peça de tratamento excisional. A regressão ocorreu em 49,1% dos casos (parcial-26,72% e completa-22,4%) a persistência foi observada em 33,62% e a progressão foi identificada em 13,8% dos casos. Houve perda de seguimento de 2,59% (3 casos)
O DNA está sendo extraído do bloco de parafina para realização de genotipagem do HPV por amplificação por PCR e avaliação dos casos positivos por sequenciamento. 77 casos já tiveram o DNA extraído, destes 42 já foram amplificados e 13 casos foram enviados para plataforma de sequenciamento. Esta etapa do projeto ainda encontra-se em andamento.
?