Bolsista: MILENA DA SILVA DE JESUS
Orientador(a): ANA RITA COIMBRA MOTTA DE CASTRo
Resumo: A sífilis, infecção provocada pelo Treponema pallidum, pode ser transmitida pela vias sexual, vertical ou sanguínea. Entre as populações vulneráveis às infecções sexualmente transmissíveis (IST) estão as pessoas que fazem uso de drogas, incluindo o crack, devido aos fatores comportamentais de risco que apresentam, como o número elevado de parceiros sexuais, a prática de atividade sexual sem proteção, prática sexual em troca de drogas ou dinheiro. Diante do exposto, o presente estudo transversal objetiva estimar a prevalência e identificar os possíveis fatores preditores associados à infecção pelo T. pallidum em pessoas que fazem uso de crack em Mato Grosso do Sul. Um total de 700 participantes foram submetidos à coleta de sangue e entrevista durante o período de novembro de 2013 a julho de 2015. Todas as amostras foram submetidas à detecção de anticorpos anti-T. pallidum utilizando teste treponêmico (imunocromatográfico). As amostras positivas foram submetidas à semi-quantificação de anti-cardiolipina utilizando teste não treponêmico (VDRL). Do total de 700 indivíduos, 524(74,9%) residiam em Campo Grande, 84,7% dos participantes eram do sexo masculino e a mediana de idade foi de 32 anos (18-68 anos). A maioria se auto-declarou como não brancos (68,1%), relataram ter de 5 a 9 anos de estudo formal (63,1%), não ter companheiro fixo (78,7%). Ser profissional do sexo, ter sofrido violência sexual e histórico de infecção sexualmente transmissível foram relatados por 8,0%, 14,8% e 35,1% dos participantes, respectivamente. A presença de ferimento/ferida/queimadura na cavidade bucal nos últimos 6 meses foi relatada por 45,6% dos indivíduos. O uso de drogas injetáveis foi relatado por 13,3% dos participantes e, dentre estes, 44,4% relataram ter compartilhado agulhas e seringas. A prevalência de infecção pelo Treponema pallidum foi de 21,1% (IC95%: 18,3-24,3%). Dos 148 indivíduos positivos para anti-T.pallidum, 42,6% (63/148), apresentaram títulos ? 1/8 no teste de VDRL, caracterizando sífilis em atividade. Destes, 106 (71,6%) apresentaram positividade no teste de VDRL. Entre as amostras positivas para o VDRL, 40,6% (43/106) apresentaram títulos menores ou iguais a 1/4 e 59,4% (63/106) títulos maiores ou iguais a 1/8. As análises estatísticas dos fatores associados a esta infecção estão sendo conduzidas.