Bolsista: THAIS REGINA ARAUJO DOS SANTOS
Orientador(a): Marcelo Ribeiro Alves
Resumo: I. INTRODUÇÃO. Em 31 de dezembro de 2019, a OMS foi alertada de vários casos de pneumonia na China. Em 11 de março de 2020, a OMS declarou a doença uma pandemia global. Os relatórios iniciais sugeriram que a gravidade da doença foi associada à idade avançada e à presença de condições preexistentes de saúde. Em 2020, o Brasil registrou 6,5 milhões de casos de SARS-CoV-2, dos quais 104.000 foram infecções graves/críticas que exigiram hospitalização, suporte ventilatório (SV) ou terapia intensiva. Até 22 de maio de 2021, o Brasil acumulou 15.732.836 casos e teve 439.050 óbitos confirmados, com aumento expressivo do número de casos e óbitos atribuídos, ambos pelas dificuldades de imposição das políticas de distanciamento social à população e ao surgimento de novas variantes de SARS-CoV-2 mais virulentas. Até agora, quase todos os estados experimentaram, por alguns períodos, maior demanda do que oferta de seus sistemas de saúde. Os sistemas de saúde sobrecarregados geraram filas para leitos hospitalares e cuidados médicos e estoques esgotados de oxigênio hospitalar e medicamentos utilizados para intubação orotraqueal de pacientes em unidades de terapia intensiva (UTI). Enquanto a interrupção da circulação do vírus no Brasil está em curso, os prestadores de cuidados de saúde terão de racionalizar os recursos limitados demandados por unidades de saúde sobrecarregadas. Os sintomas dos pacientes apresentados em internação hospitalar podem levar a uma avaliação errônea da real condição clínica e seu risco de agravamento. A implementação eficiente de um processo de triagem intra-hospitalar em indivíduos de diferentes idades com apresentações do COVID-19 será de grande ajuda nesse sentido. II. OBJETIVO. Trazer novas evidências clínicas para avaliar o risco relativo e estabelecer um melhor fluxo de atendimento em um cenário de recursos de saúde limitados, com foco nas interações entre estratos etários, sintomas e comorbidades e sua associação com o recurso de saúde demandado, como necessidade de SV e internação em UTI, e óbito por COVID-19. III. METODOLOGIA. Neste estudo observacional transversal retrospectivo, analisaremos o conjunto de dados SIVEP-Gripe. Apenas pacientes sintomáticos com amostras laboratoriais positivas ou diagnóstico clínico de COVID-19, internado e dispensados de 20 de fevereiro a 31 de dezembro de 2020, serão incluídos nas análises. Para categorizar os sintomas dos pacientes na admissão hospitalar, empregaremos uma busca ordinal hierárquica a partir do grupo 6 ao 1. Grupos: (1) Sintomas gripais sem febre, caracterizado por dor de cabeça, perda do olfato, tosse, dor de garganta, sem febre; (2) Sintomas gripais com febre, caracterizado por dor de cabeça, perda do olfato, tosse, dor garganta e febre; (3) Sintomas gastrointestinais, caracterizado por diarreia, dor abdominal, vômito e ausência de tosse; (4) Grave nível I (fadiga), caracterizado por dificuldade respiratória, dispneia, fadiga, mialgia, e febre; (5) Grave nível II (confusão mental), caracterizado por dificuldade em respirar, dispneia, cefaleia, confusão mental e febre; e, (6) Grave nível III (abdominal e respiratório), caracterizado por saturação de oxigênio inferior a 95%, dificuldade para respirar, dispneia, diarreia, dor abdominal, vômito e febre. Para a descrição de pacientes, para variáveis numéricas contínuas apresentaremos medianas, enquanto para variáveis nominais apresentaremos frequências absolutas e relativas. Para determinar fatores associados ao risco de morte, de uso de SV e de admissão em UTI, usaremos modelos logísticos múltiplos ajustados por sexo, etnia, escolaridade, idade e dias entre o registro do caso e de relato dos primeiros sintomas de COVID-19. As medidas de associação serão apresentadas como odds-ratio ajustado (aOR). Os P-valores serão corrigidos para o número de comparações pelo método Holm-Sidak. Todas as análises estatísticas serão realizadas no software R v.4.0.5.