Bolsista: Letícia Ramos Rocha
Orientador(a): ANDREZA PAIN MARCELINO
Resumo: O diagnóstico de leishmaniose visceral canina (LVC) tem sido um problema para os serviços públicos de saúde, devido à variedade de sinais clínicos, semelhantes a outras doenças, e baixa sensibilidade e especificidade dos testes disponíveis. Um recente avanço no diagnóstico de diversas doenças infecciosas foi o desenvolvimento da técnica “loop-mediated isothermal amplification–LAMP”. Para avaliação deste é método é necessário a construção de um painel bem caracterizado de amostras clínicas. No estado do Rio de Janeiro existe a ocorrência simultânea de leishmaniose tegumentar-LT e leishmaniose visceral-LV em seres humanos e animais. Sendo assim, a identificação etiológica dos animais infectados é muito importante, considerando a diversidade clínica das leishmanioses, a expansão geográfica e sobreposição de áreas para ambas as doenças. O objetivo deste estudo é determinar a classificação clínica dos animais bem como identificar as espécies de Leishmania isoladas nas amostras clínicas dos cães a serem incluídos na avaliação do desempenho da técnica “Loop-mediated isothermal amplification” (LAMP) para diagnóstico da LVC. Serão utilizadas amostras de aspirado de linfonodo poplíteo, medula óssea e células da conjuntiva provenientes de carcaças de aproximadamente 80 animais oriundos do projeto “Ocorrência de Brucella canis e Coxiella burnetii em cães sorologicamente positivos para Leishmania infantum”, CEUA LW 24/17, da equipe de zoonoses do INI, responsáveis pela caracterização clinica dos cães. Os exames parasitológicos diretos serão conforme Barcia, 2007. As amostras serão semeadas em tubos com meio de cultura bifásico NNN + meio Schneider’s, contendo 10% de soro fetal bovino (SFB) e antibióticos e identificação por técnica de eletroforese de isoenzimas segundo Cupolillo et al., 1994. Os protocolos de PCR utilizados para LAMP serão hsp70 (não publicado), kDNA e k26(7) e para PCR convencional(8) kDNA/145 pb.
JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA
Embora, nas últimas décadas, tenha ocorrido um grande avanço tecnológico, o diagnóstico laboratorial da leishmaniose visceral humana (LVH) e canina (LVC) ainda se apresenta como um desafio, provavelmente por ser uma doença negligenciada, com pouca perspectiva de retorno comercial ao investimento em pesquisa e desenvolvimento. No entanto, trata-se de doença grave, e o diagnóstico precoce e eficaz, tanto humano quanto canino é fundamental para o efetivo controle da doença. Os métodos sorológicos, eleitos para investigação em massa apresentam limitações tais como: possibilidade de reação cruzada com outras doenças; persistência de títulos de anticorpos positivos por longos períodos, mesmo após o tratamento; baixa sensibilidade em animais imunossuprimidos; e, geralmente, a necessidade de infraestrutura laboratorial, com profissionais bem capacitados (9–11).
Os resultados presentes na literatura para o desempenho do LAMP para o diagnóstico da leishmaniose visceral canina são promissores, mas não são representativos para a população nacional, pois até o momento não foi avaliado no Brasil. O desenvolvimento e a avaliação de novos ensaios de LAMP-LVC direcionados para detecção de L. infantum considerando a realidade nacional poderá tornar acessível um diagnóstico eficaz, de simples realização e interpretação, com o potencial de uso por profissionais de laboratórios locais, pertencentes aos serviços periféricos de saúde.
Os programas de vigilância e controle das leishmanioses englobam estratégias diferenciadas de acordo com a área em questão e visam interromper o ciclo de transmissão. Na leishmaniose visceral-LV, uma das estratégias e o recolhimento e eutanásia de cães infectados, já que esse animal é o principal reservatório da doença. No entanto, essa recomendação não é empregada em áreas de LT, considerando que o cão não atua como reservatório de L. (V.) braziliensis (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017).
A LT é encontrada em praticamente todos os municípios do estado do Rio de Janeiro (RJ) e é causada principalmente por L. (V.) braziliensis, sendo também encontrada a presença autóctone de L. (L.) amazonensis AZEREDO-COUTINHO et al, 2007). No estado do Rio de Janeiro existe a ocorrência simultânea de leishmaniose tegumentar-LT e leishmaniose visceral em seres humanos e animais. Sendo assim, a identificação etiológica dos animais infectados utilizados no estudo é muito importante, considerando a diversidade clínica das leishmanioses, a expansão geográfica e sobreposição de áreas para ambas as doenças.